quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O regresso - 2


Saga “O Regresso da Múmia”, episódio de hoje.
Convidou-nos para jantar fora, mas ninguém quer ir e toda a gente está a arranjar desculpas.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Da nova ortografia

Isto é só surpresas. Estava eu uma pessoa a pensar que escrevia bem, pois foi assim que aprendi e se escrevesse de outra maneira a professora primária marcava erro. Eis senão quando o magnífico corretor automático do Word, que se atualizou sem autorização, me diz que estou desatualizado. Desatualizado sem c, claro. E corretor também sem c.
Fico a saber que radioatividade não tem c e ativo também não. Abençoado Word que me corrige a escrita e me põe ao corrente da atualidade ortográfica, eu que vivo aqui na ignorância de tais alterações de tão grande magnitude. Eu que julgava escrevia bem, descubro agora que escrevo mal. Também não é problema de maior, pois o Word, esse nosso amigo fiel e dedicado, resolve-me logo o problema sem eu ter de pedir. De uma assentada só, põe-me a par da minha ignorância ortográfica e corrige-a para que o texto chegue à rede e às vossas caixas de correio em português moderno, simplificado e sem consoantes idiotas que só incomodam o leitor. Português que, suponho, também terá letra minúscula. E para simplificar mais ainda, ficam as palavras sem as aspas que lhes caberiam, para melhor as distinguir do restante texto, a bem da simplificação do nosso idioma. Aposto que o Saramago, se ainda cá estivesse, haveria de gostar desta.

O regresso






Não sei se viram o filme “O Regresso da Múmia”, se não viram não perderam nada de especial. Veio-me à lembrança este título, mas quem regressou das trevas esta semana não foi propriamente uma múmia, foi a minha chefe. Não a radioativa, a outra. A radioativa continua em casa, agora não por conta da radioatividade, mas porque tem de tomar muitos calmantes, dado que partiu o braço, e por conseguinte, passa o dia a dormir. E dito isto os comentários são escusados. Se porventura não sabiam que curar braços partidos implica tomar imensos calmantes, é porque nunca partiram nenhum.
Voltando à nossa amiga múmia, regressou de onze meses de baixa médica mais bela e radiante do que nunca. Dado eu ter mais do que fazer do que aturar múmias e radioativas – afinal alguém tem de puxar a Europa para a frente, não é verdade? -, passei o dia de ontem numa reunião noutro lugar, o que me impediu de testemunhar o momento único em que a criatura abandonou a escuridão e regressou à luz. Que é como quem diz, abandonou a baixa e regressou ao ativo. Contava-me hoje uma colega que, ao vê-la no corredor, lhe parecia que estava a ver um fantasma, de tal modo nos habituámos à sua ausência. Tanto nos habituámos à sua ausência que nos esquecemos de que ela existia. Estávamos nós felizes e contentes a trabalhar para o bem comum do nossa querido continente, sem já nos lembrarmos dos tempos infames em que a tenebrosa criatura nos fazia a vida negra, quando a dita cuja se cansou da baixa e decidiu dar um ar da sua graça. E ei-la três dias depois de tão traumático anúncio, fresca como uma alface colhida da horta.
E agora perguntam vocês: mas não estava ela fresca e linda e radiante demais para quem estava doente desde o ano passado? Estava. Não que a causa da ausência me interesse nem diga respeito, claro. Estivesse ela mais tempo ausente e mais nós respiraríamos de alívio. Então que andou ela a fazer este tempo todo? Responde a própria na reunião de boas vindas: a fazer uma cura de terapias orientais e formação em liderança e coordenação de equipas. Isto dito diante de todos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A lata

Não pensem que estava a gozar com a radioatividade. A mulher disse mesmo que estava radioativa. E não foi só à secretária. Uma fonte bem informada contou-me que, após este primeiro telefonema, a radioativa criatura telefonou ao outro chefe de departamento, informando da sua ausência por motivos de radioatividade. Que lhe impossibilitava estar em contacto com outras pessoas. Assim. Sem mais nem menos.
O curioso de trabalhar neste sítio é que não preciso de inventar nada, a realidade ultrapassa a imaginação. É como diz a Jackie Collins, não invento nada, só conto o que vejo. Não é preciso nenhum argumentista de Hollywood, pois a realidade é mais surpreendente do que a ficção. E isto foi só um episódio, os disparates são tantos que podia estar aqui o ano inteiro a escrever e ainda me sobravam histórias.
Entretanto, estava eu a caminho da Laura Ashley para procurar um abat-jour que sirva no candeeiro que trouxe da minha avó quando me liga a M. Uma boa amiga daqui que já é vossa conhecida de outros capítulos. Vem isto a propósito da lata que as pessoas têm. Pensei organizar um jantar em minha casa para alguns amigos, para comemorar o meu aniversário. Convidei a L. Não convidei a M., porque não tenho propriamente um palácio (não aqui em Bruxelas, claro, tenho o do Liechtenstein como sabem, mas fica fora de mão) e quero convidar alguns novos amigos e não dá para todos. Além disso, ela é um bocadinho bruta e mandona e não me apetece gramar malta assim num dia de festa, e ainda pode aborrecer os outros convivas. 
Mas há gente que não se enxerga. A M. soube pela L. e telefonou-me expressamente para tirar satisfações:
- Pois já soube que vais fazer um jantar de aniversário como no ano passado. A L. disse-me que ia ser fantástico. Mas eu ainda não sei de nada. Estou a telefonar para saber se não estou convidada.
- Ó M., eu ainda não decidi bem… 
- Sim, mas eu já sei a data. Estava a achar muito estranho não me dizeres nada. 
- Pois, eu estava a pensar nisso, mas ainda não decidi nada…
- Ah, eu até estava a pensar que se calhar não querias que eu fosse. Mas claro que posso, conta comigo!
E assim a M. se convidou. Gosto muito da M. e é sempre bem vinda. Mas detesto que as pessoas não tenham tento. E pior, ainda tenham a lata de vir tirar satisfações. É preciso não se enxergar. E ter muita lata…





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Radioactiva




A chefe acaba de ligar para a secretária a dizer que não vem trabalhar nas próximas três semanas, porque… está radioactiva!
Fez uma radiografia e agora ficou radioactiva e não pode estar em contacto com outras pessoas.
Depois de partilhar connosco os seus problemas urinários, menstruais e afins, desta vez resolveu partilhar este tesourinho. “Estou radioactiva”. E eu que pensava que o pessoal neste serviço já tinha excedido a ultima barreira da normalidade. Afinal enganei-me…Parece que estou a ver uma central nuclear ambulante a deambular por Bruxelas…

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Maçadas

A minha colega e amiga acaba de ser promovida. Devia ter razões para ficar feliz. Eu, pelo menos, fiquei feliz por ela. Ela merece. Há muito que merece. Mas ela:
- Devia-me ir embora daqui.
- Estou farta deste ambiente de trabalho.
- Estou muito cansada.
- Estou mesmo de rastos.
- Não aguento mais.
- Ah… e desculpa estar-me a queixar o tempo todo…
Quer dizer, ela de facto trabalha imenso, uma parte porque a obrigam e outra porque quer. Porque leva tudo a sério. Demasiado a sério. Mas isso não é problema meu, pois não? Então porque estou eu convocado para esta reunião de queixas que não me diz respeito? Porque estou eu a dar ouvidos ao queixume alheio? Eu, que até tinha direito a queixar-me, pois fiquei a ver navios no Alto de Santa Catarina. Aliás, fiquei a ver ser promovida a colega que, ao fim de três anos e meio, trabalhou apenas meio ano a tempo inteiro. Que também é minha amiga, por isso lá fiquei contente por ela e triste por mim, tudo ao mesmo tempo. Já para não falar da outra que também foi promovida, que começou a trabalhar depois de mim mas, como é favorita do chefe, tornou-se na estrela do serviço.
Devia ser proibido as pessoas queixarem-se. Pelo menos a outros que também tenham razão de queixa. Não será uma falta de respeito?
Às vezes acho que preciso de me afastar de alguns amigos. Que até são uns porreiros. Estou como aqueles homens que arranjam uma amante e precisam de dar um tempo. Ou um espaço. Acham que com os amigos também se pode fazer o mesmo? Eu gosto muito delas, mas maçam-me. E eu de maçadas não gosto nada. Só mesmo de massadas, daquelas com gambas…

Do cantinho da Europa

A minha amiga que fazia anos propôs a um amigo dela que adivinhasse de onde eu era.
- És italiano?
- Não, longe…
- Espanhol?
- Não, isso já me perguntaram esta manhã. Mas estás mais perto…
- És croata?
- Croata? Então a Croácia é perto de Espanha?!
- A sério, não és mesmo croata?
- Não, vê lá tu, sou assim altíssimo e tenho olhos azuis e este ar eslavo, mas não calha ser croata.
- Hum… já sei: és suíço!
- Não. Estavas perto mas agora já estás longe…
- Ah isto está a ser difícil!
Está? Será que só a Europa se resume a estes quatro países? Eu cá quando penso na Europa penso em vários países, nenhum dos quais a Croácia. Mas está bem. O pior, contudo, estava para vir.
- Agora é que já estou a ver!
Ena… acendeu-se-lhe uma luz no espírito.
- És do Liechtenstein!
Engasgo-me de tanta estupefacção. Do Liechtenstein? Esta não lembraria a ninguém. Nem a mim, que já lá fui duas vezes.
- De Vaduz. Capital do Liechtenstein. És de lá, não és?
- Claro, não se vê logo?! Como é que demoraste tanto a chegar lá? Sou do Liechtenstein, moro em Vaduz e estes são os meus aposentos...



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os cromos




Hoje a aula de holandês parecia uma emissão do Big Brother. Ou da Casa dos Segredos. Um verdadeiro desfile de cromos.
Às tantas pensei se os colegas tinham chegado de Marte mesmo a tempo da lição. Mas como não descobri onde tinham estacionado o foguetão, coloquei antes a hipótese de padecerem de algum bloqueio mental momentâneo, talvez por conta do apagão de ontem à tarde na zona das instituições. Finalmente compreendi que tinham pura e simplesmente deixado os parafusos em casa, de modo que o Tico e o Teco lá se remediavam como podiam. Não muito bem, claro, como verão.
Por exemplo: 
Uma não sabe a diferença entre um cartão de débito normal e o porta-moedas Multibanco, que em Portugal se abandonou à nascença mas aqui continua uma instituição. Após quatro tentativas de explicação, ela continua a encolher os ombros em resposta. Não diz nada, só encolhe os ombros.
A outra não percebe a pergunta “Onde podes usar o porta-moedas Multibanco?”. Ok, é lenta. Após duas tentativas, ela murmura um “hummm” muito inseguro. Hum, está distraída. À terceira: “Mas onde é que posso usar? Como assim usar?” Neste momento rotula-a de burra, porque a tolerância à estupidez tem limites e eu estou ao lado dela e estas ultrapassagens à margem da lei estão-me a tirar do sério.
O outro não percebe a instrução: “Que palavras devem estar juntas?” Estilo uma aula dura uma hora, um café é uma bebida, etc. Há duas colunas, na primeira as palavras e na segunda a sua definição. Deve-se fazer corresponder a palavra à definição. Ele tenta definir a palavra pelas suas próprias palavras. Há gente que gosta de se esforçar. A definição está na segunda coluna, explica a professora. Segunda coluna? Mas… Ele tem o livro à frente. Estás a perceber?, insiste a professora. Nem por isso…
O que vale é isto ser depois do café…

Fiquem com a "Sua Estupidez" do Roberto Carlos, que sempre se houve com agrado...



domingo, 14 de agosto de 2011

Truque simples para pregar… pregos

Ora aqui está uma forma prática e eficaz de pregar pregos numa parede.
Não há nada como a prática para nos fazer aprender. Sou muito nabo em tudo o que envolva pregar, martelar, aparafusar e demais verbos da família lexical dos trabalhos domésticos. Mas quando não se tem outra alternativa, só resta mesmo fazê-lo, se não os quadros vão ficar por pendurar, o que estiver caído caído fica e, em suma, gera-se a desarrumação no lar, que é coisa que eu abomino. Mais ainda do que martelar e aparafusar.
À força de as fazer, já perdi a conta à quantidade de coisa que achava que não conseguia fazer e afinal descobri que sei. Como aliás ocorre com toda a gente. É como aquelas pessoas que dizem que não sabem cozinhar, que nunca conseguiriam engomar ou que mandam o marido trocar a lâmpada porque não sabem. Se ficarem às escuras e não houver marido nem mulher à mão, aprendem que é uma pressa. Bom, se calhar uma pressa não é, mas lá hão-de aprender como eu também aprendi.
Hoje queria pendurar uns quadros que trouxe de Lisboa e estavam aqui à espera de lugar há duas semanas. Não convém deixar estas coisas para depois, acabam por se acumular e a acumulação de coisas que empatam acaba por empatar a nossa vida. O feng shui diz que nunca se deve deixar sacos de lixo dentro de casa, nem coisas velhas que se quer deitar fora nem louça por arrumar à nossa vista. Porque empatam, incomodam, tornam as casas menos agradáveis.
Eu, que não gosto de empatas, preguei os quadros hoje e lembrei-me de um vídeo que a minha tia enviou há um tempo. Nele o artista segurava uma rolha face à parede, enfiava o prego lá dentro e assim o dito cujo entrava na parede direito que nem um fuso.
Eu proponho uma solução mais simples ainda: comprem daqueles pregos com suportes de plástico para pendurar cabos. Mesmo que não vão pendurar cabos nenhuns. Martelem o prego para dentro do suporte, de maneira a que o prego fique direito. As minhas paredes são muito duras e todos os pregos dos demais quadros entraram com dificuldade, deixaram buracos, caiu estuque e demais asneiras. (Além das muitas que disse quando os coloquei). Até hoje se me ter feito luz no espírito. Quando o prego está meio na parede e meio no suporte, retiram tudo com um alicate e voltam a colocar lá o prego. Que agora já entra facilmente, pois o buraco já está feito. Pronto.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Em sobressalto


Constou-me que vão propor mais cortes orçamentais para pôr mais dinheiro no fundo de estabilização do euro e comprar obrigações e outras coisas que tais, para ver se os especuladores se acalmam e nos deixam a todos prosseguir com a nossa vidinha, que assim não chegamos a parte alguma.
Mas será que nos cérebros iluminados dos nossos economistas e financeiros não haverá outra solução? Nos cérebros dos políticos já nem falo, que esses já os sabemos vazios por falta de uso. No meu também não vale a pena procurar, que a imaginação que não foge para a escrita tem de ser dividida entre tratar de um sítio web, explicar à chefe que 2 e 2 são 4 e pensar no que fazer a um quilo de salada de ervilhas e uma montanha de batatas cozidas que obviamente não podem ser congeladas.
É que a mim dá-me para pensar na Grécia, que há um ano ia ser salva pondo lá dinheiro e agora vai ter de ser salva novamente pondo lá mais. Porque obviamente à primeira vez não foi salva, ficou apensa remediada. Podia-lhes dar para pensar, como me dá a mim, que a solução não é despejar mais dinheiro para engordar os especuladores. Pois se assim fosse a Grécia já estava fina e o resto do mundo tranquilo como dantes. Já aqui falámos do assunto, mas aparentemente os senhores que mandam não lêem a Força do Destino nem outros blogues com opiniões alternativas. Andam muito ocupados, já sabemos, um com os limites da dívida, outro com os gémeos, outra a dizer que não e outra ainda a ver se esconde debaixo do tapete as suspeitas do passado (está com azar que agora decidiram levantá-lo e deram com a trampa toda que ali estava tão bem escondidinha).
Ninguém diz que para o dinheiro sair dos nossos bolsos, terá necessariamente de entrar nos dos outros. Põem-se muitos de regime enquanto uns poucos se enchem como balões. Como diz a Renascença, vale a pena pensar nisso…
Eu cá se soubesse tentava inventar uma solução. E se mandasse punha-a em prática. Mas como nem sei nem mando, vou para dentro ver o CSI…

Bendito Facebook

Hoje ouve um incêndio aqui em Bruxelas numa pastelaria industrial.
A mim bem me cheirou a queimado toda a tarde e fartei-me de olhar a ver se os vizinhos estavam a fazer grelhados. Embora o cheiro fosse a queimado e não propriamente a comida, mas nada.
Estava eu posto em sossego na minha varanda a ler os e-mails, a ler e a cheirar, quando abro o Facebook e deparo com uma fotografia de uma enorme fumaça colocada por um amigo meu. Passa-se algo, diz ele. E então fez-se luz. É daqui que vem o cheiro.
Ligo imediatamente a televisão, canais para a frente canais para trás, à procura do canal local. Fora em Portugal e a TVI interrompia logo a emissão. Mas aqui não há nem TVI, nem SIC Notícias, nem canais de informação 24 horas, por cabo ou sem cabo, de modo que foi preciso o noticiário para ver a dimensão do incêndio.
De que soube graças ao Facebook, ó invenção das invenções!
Boa semana!



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Tupperware sofre

A vida de um tupperware pode ser de uma dificuldade inimaginável.
Normalmente corre bem, guarda-se lá comida, tira-se de lá comida, vai ao congelador, passa pelo frigorífico e acaba na máquina. Mas, como habitualmente, no mundo da Força do Destino tem de haver sempre algum grau de disparate, senão a vida não teria graça nem haveria nada para contar aqui.
Ontem este vosso amigo foi confrontado com a necessidade imperiosa de pôr a máquina a lavar. A quantidade de tachos que usei para fazer o jantar ultrapassa qualquer limite de normalidade: quatro. De maneira que tudo para dentro da máquina e vai disto que é uma pressa. Duas horas depois, quando a dita cuja começa a apitar como uma desalmada a dizer que concluiu o seu trabalho (é muita discreta a criatura, é ela e eu), lá vou eu acudir à ocorrência e sossegá-la do seu pranto. Mas como já era tarde deixei esse labor fatigante de arrumar louça para hoje. Até porque, aprendam comigo, assim escusei de secar, secou a louça por si, poupando-se esforço e tempo.
Qual não é o meu espanto quando, lá no fundo da máquina, deparo com um tupperware em cacos, reduzido a um insignificante pedaço de plástico. Não acreditam? Ora vejam:


 



 No próximo post, dou-vos a receita do meu arroz de frango, que estava detrás da orelha. A ver se vos deixa água na boca…

 



domingo, 31 de julho de 2011



… here we go again!
Este fim de semana estive em Oostende, aonde fui ver o Mamma Mia. Adorei! Como se a fabulosa herança musical dos Abba não fosse suficiente, juntaram-lhe uma história de rir à gargalhada e um elenco arrasador. Faz em Setembro sete anos que vi o Mamma Mia pela primeira vez na Broadway e recordo-me como se fosse hoje. Sete anos e um filme depois, delirei novamente.
Calhou o Mamma Mia vir em digressão ao casino de Oostende, que é uma pequena cidade na costa norte da Bélgica, estilo província mas com praia. Ora se uma pessoa vai ao espectáculo na sala do casino, vai também ao casino propriamente dito, não vos parece? Se formos ao teatro no Casino Estoril, damos uma vista de olhos pelo resto, não é verdade? 
Ora entro eu a pensar que será como no Estoril que eu adoro, tudo brilho e música e empregadas de calções, e começam a acontecer coisas nunca vistas. Nem mesmo em três anos de Bélgica.
À entrada, obrigam-me a mostrar o bilhete de identidade. Mas eu tenho ar de menor? Ok, mostro. Mas isto não basta. Digitalizam-no. Fazem-me esperar. Já só vejo a menina a teclar. Finalmente sai da impressora um impresso (há lá melhor?) com o meu estimado BI digitalizado e uma extensa declaração nos seguintes termos: Fulano tal declara … que:
- não é notário
- não pertence à polícia
- não é magistrado.
E mais uma série de coisas que não podia ser. Um quarto de hora depois, dão-me uma espécie de cartão de fidelidade com uma amostra digitalizada do meu BI e finalmente entro no casino.
Dei por mim a pensar que se tivessem a clientela do Casino Estoril nem amanhã lhe davam vazão. E por que é um polícia ou um notário não podem entrar? Ah, já me esquecia, estou na Bélgica…

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bosta de vaca





Eis o dilema que se apresentou à nova empregada, na sua quarta jornada de trabalho: a casa de banho cheira mal, muito mal. Cheira a suor. Parece que alguém lá esteve a transpirar e abandonou o rasto de fedor atrás de si. Mas está limpa. Vê-se que está limpa. Só não cheira a limpa.
Das duas, uma: ou não foi efectivamente limpa e disfarça bem ou foi limpa com detergentes errados. O que já de si é improvável, visto que, sejam errados ou correctos, os detergentes têm uma tendência natural para cheirar bem.
Primeira tentativa de esclarecimento: limpou a casa de banho? Sim. Com que detergentes? Os que lá estão. Mostre-me lá se faz favor…. Nunca fiando. Ok, não foi por aqui.
Segunda tentativa: então hoje vai usar aquele detergente, por acaso aquele mesmo que tem usado. Ela assim fez, mas foi pior a emenda do que o soneto. Agora não cheira mal, agora fede, como ela diz.
Terceira tentativa, hoje: Lava com aquele detergente? Sim. (Claro, como das outras vezes, por que haveria de lavar com outro?). E não usou lixívia? Quê? Usei o quê? Javel. Ah sim, javel, não por acaso não usei. Também quando uso é pouco. E de qualquer forma não deixaria mau cheiro. Mas fechei a porta. Ah sim? Pois, que eu gosto muito do cheiro a lavado. Eu também. Assim quando abre a porta sente o cheiro a limpo. Pois, mas eu senti foi o cheiro a sujo. Então hoje vou deixar a porta aberta…
Uma hora depois… Tou, já descobri de onde vem o cheiro. Não vai acreditar! Ah sim, então de onde é? Do pano dos vidros? Do pano dos vidros?! Sim, é uma catinga! A sério? Fede que não se pode. Mas o pano está sujo? Não, mas fede, parece bosta de vaca…

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A beringela renascida



Já sabem que eu não estrago nada. Tudo se aproveita, nada se deita fora. Os tempos são de crise e, mesmo que não fossem, não se pode deitar comida fora.
Imbuído deste espírito, tinha ali no frigorífico uma beringela que sobrou de uma massa no forno que fiz na semana passada (óptima!) e estava aqui a pensar com os meus botões como lhe haveria de dar uso. Deu-se o feliz acaso de também ali ter três fatias de queijo que sobraram de uma qualquer omeleta e que também queria poupar ao trágico destino do caixote do lixo. Foi então que me pus a puxar pela cabeça, felizmente não foi preciso muito, senão tínhamos aqui cheiro a queimado.
Desta breve reflexão resultou uma receita rapidíssima, barata e que podem fazer com quaisquer legumes que aí tenham de sobra e, a bem dizer, com quaisquer outras coisas que por aí sobejem. Cortem a beringela de forma longitudinal duas vezes, vulgo em quatro, e depois em rodelas. Fritem a beringela num pouco de azeite, deixam-na amolecer bem até já ter um ar meio esturricado, que se fica rija não tem graça. Mas não a deixem amolecer demais senão depois não tem que trincar. Juntem depois o queijo e misturem como se fosse uma omeleta.
E assim a beringela renasceu em todo o seu esplendor. De um canto esquecido do frigorífico para o meu prato. É um prato saudável, as beringelas têm algumas proteínas e, assim como assim, juntamos-lhe as proteínas do queijo. Não leva sal, por isso não dá azo a retenção de líquidos. Podem juntar ervas aromáticas, eu pus da Provença, mas dá-me impressão que outras quaisquer, tipo orégãos ou estragão, também ficam bem.
Bom apetite, bom resto de semana e até breve!
PS – Votem o melhor que puderem. Escusam de votar em consciência, porque se votarmos em consciência, não votamos em ninguém.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bieber Fever

Ainda não tinha percebido que piada acham ao Justin Bieber. Mas não percebia mesmo, porque ele não tem graça nenhuma, parece um tolinho. E não canta nada de jeito, eu até tenho o primeiro disco e é uma treta pegada.






Mas hoje… hoje, é que se fez luz no meu espírito. Foi preciso algum tempo, mas fez-se luz. Onde havia ignorância surgiu conhecimento. E onde havia trevas fez-se um clarão. O segredo está todo no cabelo.
Anteontem, à falta de coisa melhor para fazer com o secador, achei por bem pentear o cabelo para a frente, estilo como os betinhos daí usam agora (aqui não usam, usam o cabelo em pé, que chama mais a atenção). Evidentemente, não tenho o cabelo comprido como o Bieber nem liso, mas o penteado lá saiu. E hoje literalmente saiu à rua. E só recebi elogios, ficas mais giro, muito mais novo, saíram-te uns anos de cima, devias deixar crescer mais, havia de te ficar bem.
Ao fim da tarde, fui à minha ginástica habitual onde, porque era dia de semana e já passava das seis, havia sempre alguém ou várias pessoas até na máquina que eu precisava de usar. No meu livrinho estimado do Matt Roberts, os exercícios devem-se fazer por ordem e sem avacalhar, mas o pessoal daqui da zona anda todo maluco a ver se dá cabo das gorduras que lá ficaram alojadas no Natal e se põe em forma para o verão. É sempre assim durante a semana e por isso eu tento ir mais cedo ou ao fim de semana, já a contar com os desesperados que chegam às seis e nunca mais de lá saem.
Lá troquei as voltas aos exercícios e tinha ido beber água quando um senhor ocupa o meu lugar. Então, eu estava aqui! O senhor pede muitas desculpas, pode fazer à vontade. Mas eu não estava a fazer nada disto, eu estava a fazer o exercício dos tríceps, com a pega do cabo lá em cima. O senhor troca logo o cabo que devia estar em cima e agora já estava em baixo para eu poder fazer.
Noutro exercício que tive de relegar para o fim, quando já estava farto de procurar por uma porcaria de um puxador que encaixasse no estupor do cabo, o senhor do lado vira-se para mim: Então não consegue? Não, isto não encaixa! Não se preocupe, eu vou já acabar e faz o seu exercício aqui. Olha, tanta simpatia numa tarde só.
Por fim, estava eu a tentar rebater um banco num ângulo de 75 graus, como manda o livro (embora a foto seja a 45 graus – eu sei que são 45 graus porque estudei os ângulos para a trampa do exame) e o banco não se segurava. Era ele e eu que já não nos segurávamos nas canetas. Vem o vizinho do lado, dá-lhe uma marretada e já está. Obrigado.
Finda a primeira série, experimento avacalhar, coisa que nunca se deve fazer, e rebater o bando como está na fotografia e não como manda o texto. Deve ser um erro tipográfico, em vez de 45 graus escreveram 75. Mas não, porque vem outro senhor e põe o banco outra vez nos 75 graus e até me ajuda a colocar na posição indicada para o exercício. Que não é a que vem no livro, mas eu achei melhor guardar isto para mim, que não se pode desfazer na simpatia alheia.
Neste ginásio, já tinha visto algumas pessoas ajudarem outras mas nunca ninguém me tinha ajudado a fazer coisa alguma. E dado que não fiz exercício nenhum de maneira diferente do que faço sempre, porque faço sempre como manda o livro, só poder ser do cabelo. O corte do Bieber gera simpatia.
Hoje, quando estava a almoçar, em contagem decrescente para a aula de holandês, uns estagiários ao meu lado diziam que é preciso pouco para fazer uma pessoa desconhecida sentir-se bem, é só tratá-la com simpatia. Concordo.
Beijinhos e boa semana.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A distraída

Ontem à tarde a chefe recebe um e-mail pedindo publicações e outro material promocional. A secretária pergunta-me quem é responsável por esta área. Eu ofereço-me para ajudar: reencaminha-me o e-mail que eu respondo.
Hoje eu respondo ao cliente com a chefe em cópia. Seis minutos depois, a chefe reencaminha o e-mail do cliente para toda a equipa pedindo que entremos em contacto com o cliente para lhe dar informações sobre o dito material…. Preciso de fazer comentários?
Esperem, há mais. Há três anos que estamos a trabalhar neste projecto.
Há três anos que produzimos material de promoção e há três anos que o disponibilizamos, mas cabe a cada cliente imprimi-lo à medida das suas necessidades. Há três anos que o material está disponível em múltiplos formatos, de modo a que os clientes possam alterar o conteúdo, adicionar fumagens, retirar, adaptar, redimensionar, e outras mais coisas terminadas em “ar”. Há três anos que escrevemos documentos, respondemos a perguntas e repetimos que disponibilizamos o material mas não imprimimos a pedido. Há três anos que a chefe é a mesma….



segunda-feira, 7 de março de 2011

Em holandês nos entendemos

Amigos,
Tenho várias coisas para vos contar. Comecei a aprender holandês há exactamente uma semana. Tive duas aulas na semana passada e hoje tive a terceira.
Comparado com isto, o curso de francês que acabei há pouco tempo parece uma brincadeira de crianças. O ritmo é muito mais intensivo - duas aulas por semana à razão de uma hora e cinquenta cada. E bem medidas. Cá nada de começar atrasado nem acabar antes da hora. Nem risota nem palhaçada nem converseta. Só aprender. O professor ensina, imediatamente distribui folhas e com exercícios e põe a malta a fazê-los. A colocar questões uns aos outros, que é para ver se estão atentos. De facto, é preciso ter muita atenção. Perde-se uma palavra e já é o desnorte completo. Pelo menos na minha cabecinha. E não há comando remoto para carregar no botão de "rewind"....
Agora digam-me lá: como é que eu hei-de aprender esta língua? Como? Se, para começo, a pronúncia é um quebra-cabeças! Ora vejam como eles pronunciam o "G"...
http://nt2taalmenu.nl/klanken/inhoudklank.htm





PS - Fiz uma moussaca fantástica, amanhã se tiver tempo mostro a fotografia... Beijinhos e boa semana!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

E ainda

Esqueci-me de acrescentar que:
- o arroz da foto não é meu, o meu estava mais castanho, mas já marchou todo, acabei hoje o que fiz para mim, por isso muito mal não podia estar;
- hoje fiz umas bifanas óptimas com manjericão fresco (não do seco do frasco, que tem menos sabor) e alho (este foi do seco porque não tive tempo de descascar alhos a sério); não dão trabalho nenhum extra, é só temperarem com antecedência e depois juntarem flor de sal, que agora uso em montes de cozinhados
Hoje cheguei a casa de rastos depois de uma conferência que durou toda a tarde e de ter andado 6 quilómetros para chegar ao centro de conferências e voltar para casa. Sem comentários... é melhor porque senão o conteúdo do blogue vai-se tornar desapropriado para crianças... Voltando ao que interessa, só me apetecia qualquer coisa saborosa para jantar e não me apetecia fazer as bifanas, que afinal nem deram trabalho nenhum. Foi então que reparei que providencialmente tinha deixado o pasticcio do outro dia a descongelar e a minha alma renasceu aqui mesmo. Fiquei inacreditavelmente feliz por saber cozinhar e gostar de cozinhar.
- depois do Egipto, a revolução está a chegar à Bélgica. Hoje os transportes fizeram greve e amanhã eu vou tomar o poder e decretar a ilegalidade imediata de obras na rua antes das nove da manhã. E isto é só o começo...

Obras

O que é que faz uma cabra de uma máquina-de-furar-ruas-que-não-me-lembro-como-se-chama debaixo da minha janela às sete da manhã? Hummm? Desde ontem e até Sexta! Não acham que os moradores precisam de descanso? E que as obras só se devem fazer a partir das 9h, que é o horário normal de trabalho?



Ainda por cima, hoje houvre greve geral dos transpoirtes. E aqui não é como em Portugal, aqui não se brinca com a greve. Quando é, é a sério. Pára tudo ao mesmo tempo: não há metro, não há eléctricos e não há autocarros. Não há serviços mínimos, nem cartazes infornmativos. Nem pré-aviso. Hoje decidiram que havia greve e já nada andou. Ou por outra, andámos nós a pé e foi se quisemos.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Arroz doce e salgado

Aqui vai uma sugestão para as vossas refeições. Não custa nada e é uma maravilha.
Estava a fazer arroz, ao mesmo tempo que fazia arroz doce, e lembrei-me de lhe juntar uma pitada (grande) de manjericão e outra (menor) de colorau, mais a flor de sal que se tornou habitual. Logo que colocarem a água, juntem estes ingredientes. Fica óptimo.
Ao mesmo tempo, fiz arroz doce para uma prova de vinhos a que fui ontem, mas o rabo do tacho acabou escaldado. O arroz ficou bom, com um ligeiro travo a canela e outro a queimado. E mesmo alguns bocadinhos de fundo-de-tacho queimado espalhados pelo meio. Apesar de ter juntado quatro ovos no final, como faz a minha tia, não ficou amarelo como o dela, ficou mais castanho claro. Ainda estive para ir ao supermercado comprar outra coisa, mas depois achei que, assim como assim, chegada a altura dos doces, o pessoal já estaria todo alegre e já ninguém daria pelo esturro. Acho que não deram. A bem dizer, aquilo até se podia confundir com pedacinhos de canela. Diz-me assim o F.:
- Isto tem canela, não tem?
- Tem pois, muita canela, por cima e por dentro!
- Por dentro também?
- Claro, em todo o lado!
Acho que não deram por isso. Na realidade não estava nada mau. Eu comi e repeti. E o pyrex que fiz para mim já vai a meio...




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mensagem número 101

Hoje A Força do Destino está em comemorações. Ultrapassámos as cem mensagens. Cem!!! Parece que foi ontem, não é? O tempo passa a correr e a partir dos trinta parece que já não temos mão nele. Na realidade nunca temos, mas esforçamo-nos para ter.
Porque o prometido é devido, aqui fica a receita da massa da fotografia. É muito simples, faz-se rapidamente e fica delicioso. Eu fiz para aproveitar quatro ovos que iam apodrecer e acabei por gastar meio pacote de massa e um pacote de espinafres. Poupado nos farelos e gastador nas farinhas, como diz a minha Avó. Mas, enfim, tudo vale a pena quando a alma não é pequena e o apetite também não.
Podem fazer com fusilli, macarrão, cotovelos e outras massas afins. Só com esparguete é que não deve dar jeito. Também podem trocar os espinafres por outro legume qualquer, mas os espinafres não dão trabalho nenhum, compram um pacote dos congelados e nem precisar de cozer, enfiam na frigideira e já está.
Do que realmente precisam é de uma boa frigideira, isso sim é um investimento que vale a pena. Na minha cozinha, há um antes e um depois da frigideira do L. Aliás, há um antes e um depois de ter percebido que quem gosta de cozinhar, como eu, só pode cozinhar bem com os apetrechos adequados. Foi por isso que os tachos dos 2 euros comprados na barateira do centro comercial já foram à viola e entraram os fantásticos substitutos que a minha Avó lá tinha e que nunca me recordo de ela usar. Usava quase sempre tachos de barro, que faziam um óptimo arroz. A frigideira é daquelas tipo wok, mas mais pequena. Não queima, não deixa secar e – vejam só - até tem uma tampa.

Assim sendo, uma vez na posse dos instrumentos de trabalho, deixem ferver os espinafres picados e depois salteiem com um pouco de azeite e flor de sal. Depois coloquem a massa, que deve estar “al dente” e não espapaçada como é meu hábito, pois vai ser cozinhada duas vezes. Misturem bem. Em seguida, juntem quatro ovos mexidos, deixem cozinhar só o suficiente para não ficarem crus. Antes de terminar, salpiquem com queijo ralado, de preferência daquele para as massas, que é o que derrete melhor. Não é preciso serem entendidos em queijos, só é preciso comprarem aquele que diz “massa” na embalagem – não o de dieta nem o mais barato.
Para abrir o apetite, deixo aqui uma fotografia de outros manjares que cozinhei recentemente.




Pasticcio




Beringelas com mozarella e tomate

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A crise passou por aqui?

Se passou não deixou consequências para quem a alimentou. Os maiores bancos americanos anunciam lucros chorudos e distribuem bónus de milhões. Pelo caminho ficou um chorrilho de problemas e famílias que não sabem para onde se virar. Segundo a revista “Time,” o JP Morgan pagou quase tanto para resolver problemas legais ligados ao credito à habitação como ganhou em lucros. Vale a pena ler…


E como quero que se animem, aqui vai uma fantástica versão de “I Know Him So Well,” cantada a meias pela Elaine Paige e pela Susan Boyle, que nesta altura ainda não tinha acertado no cabeleireiro.



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um azar nunca vem só

Domingo foi dia de mais um cozinhado à maneira do chefe. Podem ver o resultado aqui em baixo: massa com espinafres, que fiz para aproveitar quatro ovos antes que se estragassem. Como todas as pessoas que querem aproveitar qualquer coisa, acabei por gastar mais nos restantes ingredientes do que se tivesse deitado fora os ovos, mas em compensação ganhei um jantar delicioso. Tanto assim que até lhe juntei um copo de vinho branco para saber melhor.
Findo o manjar, vi um episódio da “Médium”, que tinha gravado. Adoro esta série. O episódio em questão trava de acidentes domésticos. Enquanto fazia o jantar, tinha começado a descascar legumes para sopa. Que, obviamente, lá estavam à minha espera quando terminou a série. De modo que deitei mãos à obra. Nunca – nunca! – tinha comprado, cortado ou cozinhado uma abóbora. Por isso achei que fazer sopa seria uma oportunidade óptima de experimentar. Infelizmente, num mundo onde quase tudo o que se compra no supermercado tem instruções, as abóboras não vêm com instruções. De modo que lá me esforcei por abrir a abóbora e acabei com um golpe num dedo.
Mas um azar nunca vem só, diz o povo e com razão. Quando a minha lida da casa já se estava a tornar num filme de terror, com sangue quase a misturar-se com a abóbora e demais ingredientes, decidi desligar o computador. Saio da cozinha. A sala estava às escuras. Coloco o joelho no sofá onde estava o computador e só ouço “crac”. Que é isto? Debaixo do joelho – adivinhem… - estavam os meus óculos.
Felizmente tanto o dedo como os óculos já estão restabelecidos! Boa semana!





PS - Os contadores fugitivos são os da água. Enganei-me. Os do gás continuam no seu lugar, mas com a agitação popular que aí anda, não sei por mais quanto tempo...

sábado, 29 de janeiro de 2011

A fuga dos contadores de água

Já viram um filme chamado “A Fuga das Galinhas”? Eu não, mas acabo de ver um muito mais original e inesperado. Intitula-se “A Fuga dos Contadores de Água”. Convenhamos que é muito mais divertido assistir à fuga de um contador de água, que nós imaginamos uma coisa sossegada e discreta, do que a um bando de galinhas, que andam sempre a esvoaçar feitas malucas.
Para não variar, este filme decorre na Bélgica, aquele sítio onde se concentram os fenómenos que normalmente julgamos impossíveis. Quer dizer, há ali um cantinho mais ao Sul chamado Portugal onde também ocorrem uns fenómenos do Entroncamento, ou não fosse o Entroncamento em Portugal…

Segunda, dia 24 - elevador

Aviso a todos os moradores

A contagem da água terá lugar no dia 7 de Fevereiro. Dado que os contadores se encontram dentro dos apartamentos, a vossa presença nesse dia é FUNDAMENTAL. A contagem da água terá lugar entre as 12h30 e as 16h00. A VOSSA PRESENÇA É FUNDAMENTAL DURANTE TODO ESTE PERÍODO. Por favor afastem os móveis e outras coisas que tenham diante dos contadores para facilitar a contagem. O facto de indicarmos este período horário não significa que os técnicos estejam PERMANENTEMENTE no prédio durante este período. Se não estiverem em casa, será necessária uma nova contagem, que ficará a vosso cargo. O custo da deslocação é de 32 euros.

A administração do condomínio


Sexta, dia 28 – porta de entrada

Aviso a todos os moradores

A contagem da água terá lugar no dia 7 de Fevereiro. A vossa presença nesse dia não é necessária, dado que os contadores se encontram nas partes comuns das arrecadações.

A administração do condomínio


Se os contadores de água continuarem a mudar de lugar a esta velocidade, qualquer dia fogem pela rua afora e não há quem os apanhe…
Bom fim de semana!


PS – Os pacotes não foram ter à caixa do limonete, simplesmente nunca saíram do bule. Depois foi para lá o limonete que soube mal. E só ao terceiro dia, ao colocar novos pacotes de camomila, me dei conta da ocorrência!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O chá

Ultimamente tenho feito chá todos os dias. O frio está de volta, estão quatro graus negativos, por isso é preciso aquecermo-nos bem. De modo que tenho feito o chá de limonete que o L. afincadamente cortou e embalou, intercalado com camomila.
Costuma saber bem, mas ontem soube-me particularmente mal. Estranhei mas não investiguei. Estou concentrado a estudar para um exame que vou fazer na terça, que é coisa para me ter muito distraído. De maneira que bebi e calei.
Hoje depois de jantar fui novamente fazer chá. Eis senão quando descubro que debaixo das folhas de limonete estavam pacotes de camomila. Da véspera…