quinta-feira, 24 de abril de 2008

Mais surpresas...

... julgava eu que já tinha visto suficientes diferenças entre Lisboa e Bruxelas por conta de tudo o que vos tenho contado. Mas afinal há mais. Ora lembram-se de há umas semanas vos ter contado da confusão que é abrir uma conta bancária aqui? Que percorri os quatro-bancos-quatro que há no meu bairro até poder abrir conta num e estou em crer que foi porque falei o tempo todo em Francês? (Ainda hoje não sei como consegui, porque não foi propriamente uma coisa rápida, do estilo tome lá, assine e pronto, foi assim coisa para durar uma hora e tal). Pois então, depois de todo o trabalho que se tem, do desgaste mental e físico que uma pessoa passa e do tempo que gasta nesta inenarrável actividade, diz-me a minha Mãe que têm chegado várias cartas em meu nome de um endereço em Bruxelas. Têm chegado a Lisboa?? De um endereço em Bruxelas? Abertas as ditas, era correspondência do banco, que, por acaso, sabe perfeitamente onde é que eu moro, ainda por cima eu disse muito claramente que me enviassem a correspondência para a minha morada cá. Coisa que, aliás, nem seria necessário, já que, só por acaso, tinha acabado de contar o que venho fazer cá e me tinham perguntado se tinha comprado ou alugado um apartamento. Mas, enfim, há cabeças que só servem para ter cabelo, ao menos o da pequena era bonito, já não está tudo perdido. Em resumo, a minha correspondência aparece em Lisboa. Bom, lá resolvi a situação e ontem deparo com um envelope gordo na minha caixa de correio. Olha, cheques, será? Mas eu não pedi cheques nenhuns! Abro o envelope e simultaneamente abro a boca de espanto: era um extracto, mas não era um extracto qualquer. Em Portugal, sempre vi os extractos bancários como folhas A4, não que eu recebesse porque como sou um teso deviam achar que não valia a pena, mas sempre vi os das outras pessoas assim. Pois aqui os extractos são uma colecção de cartões rectangulares, tipo daqueles que os apresentadores da TV usam. E, a pensar no bem-estar do cliente, já vêm furados e tudo, é só guardar no dossiê. Ora querem coisa mais prática?
Entretanto, escreve-me a Sofia que o tempo em Lisboa está péssimo. Pois tenho a informar que, exceptuando ontem e hoje, o tempo aqui tem estado magnífico, com o sol sempre a brilhar e quase 20 graus da parte da tarde. Isto na rua, claro, porque no meu gabinete onde o sol brilha todo o dia, a vista é linda como já sabem mas o ar condicionado só funciona quando lhe apetece, estão para aí uns 30. É uma verdadeira Primavera! Quem é que pensava que aqui só havia frio e chuva? Desenganem-se!
E para animar a malta, aqui fica um inesperado dueto entre a Hillary e o Obama. Quem diria?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

As coisas que eu descubro...

Ora eu que julgava que isto dos teclados era Chinês só acessível aos especialistas em informática afinal descubro que os meus amigos são mais do que entendidos no assunto! Obrigado Patrícia por me elucidares, pois eu sinceramente nunca tinha ouvido falar em AZERT nem em QWERT, tirado do contexto até parecem siglas de programas informáticos. E quando o colega me perguntou qual dos dois teclados eu tinha, eu, na tranquila ignorância do que significavam essas letras, respondi-lhe simplesmente que tinha um com as letras nos sítios errados e que isto era uma maçada, porque escrevia tudo com erros, perdia imenso tempo e a eficácia não se compadece com estas coisas. Felizmente ele percebeu perfeitamente e hoje consegui trabalhar com muito maior rapidez.
Ainda a propósito do teu comentário, não te entusiasmes assim com a vista, não trabalho propriamente numa varanda virada para o mar nem no 30.º andar de uma torre no centro da cidade (embora haja quem trabalhe e eu já lá tenha ido dar uma espreitadela e possa assegurar que é de cortar a respiração!). Mas tens toda a razão: trabalhar num gabinete com uma vista linda aumenta a qualidade de vida no trabalho para aí uns duzentos por cento!! E, além da vista, a zona é muito tranquila, ao longe até se ouvem os sinos de uma igreja próxima. Ainda por cima, está um tempo óptimo, frio como sempre mas um Sol radioso que torna tudo mais bonito e que, claro, se vê da minha janela! Ainda por cima vi as notícias sobre o mau tempo em Portugal, aliás em Portugal parece que anda tudo em convulsão, fiquei estupefacto com a cena do Luís Filipe Menezes se ter demitido assim de repente. Ou não foi de repente e fui eu que, à conta da distância, perdi alguns capítulos da novela? Pelo menos percebi que anda tudo às turras. Olhem, eu que sou uma pessoa organizada, se não tivesse emprego, podia telefonar para lá a perguntar se precisam de alguém para pôr ordem naquela barafunda. Senão qualquer dia ainda o tio Alberto João passa-se de vez, assenta arraiais em Lisboa e então é que vão ser elas.
Antes que me esqueça, e porque também aparece no comentário da Patrícia, o ar condicionado já foi mexido (mexido mas não arranjado, uma pena), porque hoje deu-lhe para deitar frio a ver se nos congelava. E havia lá quem o parasse? Eu bem dei ao botão para um lado e para o outro, mas a coisa fez-se de importante e borrifou-se em mim. Mas depois o Sol despontou, deu ali com força na janela e não houve ar condicionado que resistisse. E a vista é tão linda...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Da eficiência

Faz favor de não começarem a pensar que, de um momento para o outro, tudo passou a funcionar com imensa eficiência nesta terra. Não foi essa a inspiração para o título...
Ainda não me esqueci de que esperei séculos por um descodificador para a televisão, que agora deve ter um problema de sinal porque mostra as pessoas aos quadrados, nem que sou sistematicamente mal atendido nas lojas de roupa, nem a saga infindável da recolha do lixo. A propósito, ontem à sacramental hora das seis da tarde lá estava a bela da camioneta a recolher os sacos que enfeitavam a rua desde a tarde anterior (não a tarde desse mesmo dia, era mesmo do dia anterior), como não poderia deixar de ser. Nada disso mudou. Também ainda ninguém tomou a sábia decisão de fazer qualquer coisa para purificar a água canalizada, porque, ao contrário do que eu e provavelmente muitos de vocês imaginariam, aqui não se pode beber água da torneira, sob pena de o calcário provocar pedras nos rins, além de dar conta da pele, das torneiras e dos canos. Tudo isto faz com que, obviamente, o anti-calcário seja um verdadeiro negócio da China!
Escolhi este título para a mensagem, porque hoje de manhã me foram trocar o teclado e finalmente consigo escrever praticamente como no meu próprio computador. Isto é eficiência. Eu pedi ontem à tarde, mandei um mail para o endereço que me indicaram e hoje aparece o dito teclado. Da mesma forma que hoje quando cheguei às novas instalações a casa de banho dos homens já funcionava. Por acaso, não havia essa coisa tão útil numa casa de banho que é sabão, mas, pensando bem, se calhar é para o nosso bem, porque, como toda a gente sabe, isto de lavar as mãos sistematicamente desgasta a pele que se farta, ainda por cima com água que está atafulhada de calcário. Mas de volta ao teclado, fiquei mesmo surpreendido. Se fosse nalguns sítios onde trabalhei antes, nem daqui por semanas havia teclado, aliás, para começo de conversa nem sequer me disponibilizavam outro, era estilo olha se estás mal muda-te, que o teclado fica onde está. Veio-me agora à memória um dos meus anteriores trabalhos, horrível por sinal (e mais não preciso dizer porque já todos sabem a que me refiro), onde estive três dias sem computador e cada vez que explicava que era fundamental para trabalhar (coisa que aliás dispensava explicação), me respondiam sempre que tivesse calma, logo viria. Provavelmente alguns de vocês (ou muitos até) já tiveram experiências semelhantes, por isso acho que compreendem por que é que uma coisa tão simples, tão pequena e aparentemente sem importância é digna de registo. Ah, e antes que me esqueça, a vista é mesmo linda... Já vos tinha contado?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Dia de mudança

Meus amigos, fez anteontem dois meses que cheguei a Bruxelas e tenho de vos contar que, a pouco e pouco, me sinto cada vez mais adaptado. Um dos sintomas é que já recuperei (de vez, espero!) o salutar hábito de ir ao cinema regularmente. Esta semana vi um filme de terror chamado The Eye, protagonizado pela Jessica Alba (que não estava estonteante como de costume, se virem o filme vão perceber por quê, mas se eu contar estrago a surpresa) e baseado num filme chinês. É uma espécie de O Sexto Sentido misturado com The Ring, com mais sustos do que o primeiro e sem a violência do segundo. Entretanto, o preço do bilhete de cinema afinal varia consoante os locais, porque desta vez paguei 8,40 euros, apesar de o cinema pertencer à mesmíssima cadeia e até ser no mesmo dia e por acaso a sala até parecer muito semelhante à da semana passada. Continua caro mas estamos no bom caminho! Escusam de perguntar se, já agora, a casa de banho passou a ser de borla, porque de pagar à Madame Pipi (é assim que aqui lhes chamam) ninguém se livra.
Aproveitando a onda cultural, também vos recomendo um livro que terminei na semana passada: O Confessor, de um autor americano chamado Daniel Silva. Aqui não há terror, mas há muito suspense e descrições fantásticas de Roma, para quem já conhecer poder recordar e quem não conhecer ficar entusiasmado. Aliás, o livro é riquíssimo em descrições de cidades, porque cada capítulo (ou quase) decorre num lugar diferente. Bem aproveitado, dava um filme jeitoso, quem sabe um executivo de Hollywood visita o meu blogue e aproveita esta ideia? E me dá um papel no dito, por secundário que seja. Estão-me a ver a fazer de agente dos serviços secretos? Não? Hum... eu também não, adiante.
Hoje foi um dia especial, porque mudei de local de trabalho, para um edifício com uma vista fantástica sobre uma praça muito desafogada com um agradável jardim no centro. Felizmente a primeira coisa a que prestámos atenção foi mesmo a vista, senão começávamos logo a desesperar com o calor insuportável (tipo sauna com a diferença de que estamos todos vestidos, vá-se lá saber por quê), a janela que não abre e o ar condicionado que não funciona (juntaram-se logo os dois, não podia ser só um a sabotar a malta, tinham logo de fazer conjunto!) e a casa de banho dos homens que esteve todo o dia fora de serviço, coisas que realmente não interessam nada porque, como vos digo, a vista é linda. E ainda por cima, o transporte funcionou lindamente: já lá estavam as secretárias, já lá estavam os materiais de trabalho e os computadores chegaram em menos de nada. E quase me esquecia de uma coisa absolutamente estupenda que é irem-me trocar o teclado. Vocês não estão bem a ver: isto pode parecer uma tolice, mas a verdade é que eu ando há semanas a escrever num teclado com o Q no lugar do A e a vírgula no lugar do ponto, entre outros delírios. Outros que incluem as restantes letras do alfabeto e não só. Estão a ver aquela barra por cima das letras onde temos os números? E que dá jeito, porque às vezes temos mesmo de escrever números no computador, pode ser só de vez em quando mas acontece. Pois, aqui não temos números, temos aspas e parêntesis e outras coisas de menos importância, diz que são assim os teclados franceses, e se quisermos números temos de carregar no botão que não sei como se chama porque os números estão em cima. Com tudo isto, a malta que está habituada aos nossos teclados vê-se em papos de aranha para escrever uma frase, mas a bem dizer a malta que não está habituada devo ser eu e pouco mais. Mas mesmo assim trocam-me o dito cujo, uma pequena coisa que dá ainda mais ânimo para o trabalho.
Entretanto, porque dizia que me sinto mais adaptado, calculem que agora quando falo já há coisas que não me lembro como se dizem em Inglês mas que sei dizer imediatamente em Francês. Estão a ver como esta cena da expatriação me está a dar conta da cabeça? Mais uns meses e até começo a falar Holandês! Ah, mas o Francês que me vem à memória com mais facilidade ainda não é o suficiente para todas as ocasiões: hoje lá tive de comer o peixe com outro acompanhamento porque não soube dizer puré de batata e a coisa estava longe de mais e com muita gente no meio para eu poder apontar. E o puré ali a olhar para mim com tão bom aspecto...

sábado, 12 de abril de 2008

O barulho das luzes

Este post é especialmente dedicado aos meus amigos que me perguntam frequentemente se já descobri como é a noite aqui em Bruxelas e que estranham por que é que ainda não tenho resposta. Ainda não conheci a movida da forma que gostaria ou, como diria uma boa amiga, ainda não tive oportunidade para grandes rambóias (falta-me cá a vossa companhia, ainda por cima há aqui umas discotecas na minha zona de que já ouvi falar muito bem e que têm umas festas temáticas super animadas), mas já tive um cheirinho...
Ontem uma amiga francesa convidou-me para um concerto de rock em que ia actuar um amigo dela. E eu em vez de ficar em casa, que como vocês sabem é daquelas coisas que dispenso, sobretudo numa Sexta-feira, aceitei logo o convite e não fiquei arrependido! É pena não ter nenhuma música para poder inserir aqui, presumo que o grupo não esteja no YouTube, mas posso-vos contar que foi um concerto animadíssimo, barulhento qb e que não deixou ninguém colado ao chão. A banda que actuou chama-se The Vogues, são uma banda de garagem como se dizia antigamente mas que actuam como profissionais. E trouxe de recordação, para além de uma potente sensação de ouvidos tapados, um carimbo na mão como se fazia quando eu andava no liceu e queríamos sair de uma festa e voltar a entrar.
Antes que me esqueça, porque a noite inclui outros programas para além da música, já matei as saudades que tinha de ir ao cinema, onde ainda não tinha colocado os pés desde que cheguei a esta terra. Por isso, recomendo vivamente o novo filme do Rob Reiner, chamado The Bucket List, uma história surpreendente com magníficas interpretações do Jack Nicholson e do Morgan Freeman. O que não recomendo é que vejam o filme em Bruxelas, porque o bilhete custa a módica quantia de 9,20 euros e acreditem que não fui a nenhuma sala VIP como as do Corte Inglés nem me deram comida nem havia cadeiras de reclinar. Aliás, ainda tive de desembolsar mais uns cêntimos para poder ir à casa de banho, como se não tivesse acabado de pagar o bilhete e tivesse entrado no cinema só fazer uma necessidade. Pensando bem, as casas de banho nesta terra são um negócio muito proveitoso, porque não há sítio onde não se pague, incluindo alguns restaurantes, mesmo que estejamos a jantar nos ditos cujos. Uma surpresa agradável é que os filmes não são dobrados... mas em compensação são legendados em Francês e em Holandês, o que faz com que o espaço ocupado pelas legendas seja o dobro!
Em consonância com o tema da mensagem, hoje desalojei o Candlelight e substituí-o pela mais nova da Madonna, que aos 50 continua um espectáculo... alguém pára esta mulher?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Era uma vez um saco de lixo

Queridos amigos, ao escrever a última mensagem tive de a terminar mais depressa do que queria porque precisei de ir à rua deixar o saco do lixo e, ao voltar, lembrei-me que talvez fosse interessante contar-vos na mensagem seguinte como é que funciona a recolha de lixo no meu bairro. É que é daquelas coisas em que realmente Lisboa e Bruxelas são como a água e o azeite.
Ora eu que sou uma pessoa respeitadora da lei, logo nos meus primeiros dias de estadia aqui, perguntei a um casal de amigos que tem sido incansável e que vive cá há décadas como é que funcionava a cena do lixo, porque tinha ouvido dizer que era obrigatório separar tudo, só se pode usar determinados sacos e outras coisas afins que afinal são mitos locais. Respondem-me que só se pode usar um determinado tipo de sacos, na comuna onde eu vivo são brancos com letras azuis e suficientes para meter o lixo de uma família de oito pessoas durante uma semana. Eu lá vou comprar os ditos sacos, pensando para que é que eu quero uma coisa daquele tamanho, mas enfim, dou uso aos ditos para não quebrar os usos locais. Depois dizem-me que só há recolha três vezes por semana e que pergunte aos vizinhos quando é. Só há recolha três vezes por semana??? Então mas na minha terra há recolha todos os dias, onde é que nós estamos? Bom, ainda não tinha visto tudo. E ainda bem que digo dias, porque de facto não tinha mesmo vista era nada. Um belo dia reparo que há sacos de lixo em todas as portas, penso logo «hoje é dia da recolha» e lá vou pôr o meu saquinho ordeiramente. Qual não é o meu espanto quando na manhã seguinte o meu, o do vizinho e os dos restantes habitantes da rua estavam exactamente no mesmo sítio. Donde a recolha não é feita de noite. Pronto, mais uma que eu fico a saber. Nisto, começo a reparar que não é só em certos dias que as pessoas põem o lixo à porta. Primeiro, parecia ser à Terça e à Quinta, mas depois apercebi-me de que afinal à Sexta e ao Sábado e nos outros dias todos da semana também há lixo à porta. E a história dos sacos brancos também é chão que deu uvas, mal empregado dinheiro que gastei neles, porque há quem ponha amarelos, verdes, azuis, enfim, todo um arco-íris de cores, e também já quem se esteja totalmente nas tintas e ponha caixotes, móveis velhos, sapatos soltos, peças de roupa e por aí fora.
De volta à casa dos meus amigos, conto tudo isto e eles entram em choque: tu vives numa rua de selvagens! Só pode ser! Cá em Bruxelas cada comuna tem dias fixos para a recolha do lixo e só se pode -lo à porta depois das sete e meia da noite. Ai sim? Bom, então deve ser mesmo da minha zona, embora as pessoas não pareçam nada selvagens.
Com estes pensamentos em mente, venho um dia tranquilamente do trabalho, por volta das seis e começo a reparar que o lixo já está todo à porta. Já nem se fala da cor dos sacos nem do dia da semana, agora já só reparo na hora. Então mas a minha amiga disse que só se pode pôr depois das sete e meia e às seis já há sacos de lixo no passeio? Lá se passaram mais unas dias até que eu venho de fazer compras e entro pelo lado oposto da rua e vejo uma coisa aparentada, mas mesmo muito aparentada, a camioneta do lixo, isto ainda não eram um quarto para as sete. Aproximando-me, vejo que é mesmo a dita cuja em pleno labor. Finalmente percebi que no meu bairro as regras são mesmo outras: o lixo tem de se pôr à porta bem antes das sete e meia e não depois, senão fica lá a decorar a rua toda a noite e todo o dia seguinte, porque a recolha não só não é de noite, como nem sequer é antes das tais sete e meia. Enfim, com tanto falar em sete e meia só me lembra a música do «são sete e meia amor», do José Cid, uma canção absolutamente inenarrável que a Margarida me ensinou, mas essa história não é destas paragens...
Mas se procurarem por uma coisa chamada «favas com chouriço» no YouTube vão perceber do que estou a falar, só não ponho aqui porque sinceramente estragava-me logo o blogue, tirar o «Candlelight» que é tão bonito e pôr uma coisa daquelas!

domingo, 6 de abril de 2008

Hoje não interromperam o noticiário!

Antes de mais conversa, queria agradecer os comentários que já me deixaram e que me dão tanto ânimo! É bom saber que tenho amigos que gostam de mim e querem saber notícias e é ainda mais reconfortante agora que estou longe de vocês! Longe fisicamente, claro, porque em pensamento e na Internet estamos sempre perto.
O título da mensagem parece surgir a despropósito mas não: hoje efectivamente não interromperam as notícias para dar bola. Hoje quando a Judite de Sousa disse que voltava na segunda parte, voltou mesmo, não desapareceu nem ficou pelo caminho, de modo que já estou um pouco mais sintonizado com a realidade portuguesa.
Não sei quem me deixou o comentário dizendo que a vista de Bruxelas que coloquei no blogue dava vontade de visitar a cidade, mas como não quero que vos falte nada, hoje deixo uma imagem de Bruxelas by day. É a lindíssima Catedral de Saint Michel e Saint Gudula. À esquerda, o Banco Nacional da Bélgica, que ainda não conheço. Será que lá posso ir? Acham que se lá for me deixam trazer uns euros de recordação? Só assim um montinho de notas de 100 como recordação de lá ter estado!

sábado, 5 de abril de 2008

Começando pelo princípio...

Ora este blogue deveria ter começado pelo princípio, como normalmente devem começar as coisas bem feitas, para poderem acompanhar a minha instalação, o meu primeiro dia de trabalho, a minha vida dupla de profissional de dia e dono de casa de noite e outras delirantes aventuras que tenho para vos contar. Mas como não consegui criar o blogue ao chegar aqui, agora terei de fazer uma reprospectiva, para localizar quem ficou no ponto das notícias que enviei por e-mail.
Vamos lá então... já estou perfeitamente instalado, num apartamento ultra simpático e agradável, próximo do trabalho, do ginásio, do supermercado e do centro, ou seja, numa localização privilegiada! Em relação ao trabalho, já me sinto perfeitamente integrado, a equipa é de uma enorme simpatia e disponibilidade, e bem assim os chefes; o trabalho em si também é extremamente interessante, sobretudo porque estamos a criar muitas coisas do zero e, como nos entendemos muito bem quer a nível pessoal quer em termos profissionais, torna-se ainda mais agradável.
Hoje dei mais um passo na instalação da minha casa. Não, desta vez não tem nada a ver com já poder ver televisão em Português. A propósito, quero agradecer os comentários que já me deixaram e os desejos de boa sorte. Digo a propósito porque um dos comentários diz que logo que tenho televisão em Português não há nada de jeito para ver, porque à Sexta a RTP transmite o Malato, que é uma coisa inenarrável. Pois bem, quem deixou este comentário não podia estar mais certo! Hoje estava eu atentamente a ver o telejornal, a Judite de Sousa diz «uma reportagem para vermos na segunda parte», eu entretanto vou à casa de banho e, quando volto, já não há Judite de Sousa nem telejornal nem nada que se pareça, porque irrompeu o futebol!!! Então pode uma coisa destas? Uma pessoa anda aqui a incomodar-se que sei lá para poder ter um canal que dê programação em Português e no primeiro dia espetam-me com o Malato e no segundo com bola???!!! Sem comentários! Voltando ao que fiz hoje, fui comprar umas prateleiras em madeira, coisa que passaria despercebida não fosse o caso de ter encontrado duas-pessoas-duas que me ajudaram de imediato, o que é ultra surpreendente porque é uma coisa que até agora ainda não me tinha acontecido. Ao contrário do que é habitual, o empregado não estava sentado na cadeira e a tentar afugentar-me para não ter de me atender, como é hábito aqui. Desta vez, ajudou-me a escolher a barra de madeira, pegou na dita cuja e levou para cortar (o que deu um jeitão, porque com o meu tamanho imaginem lá a figura que foi estar a tentar pegar numa barra de madeira com dois metros e meio!!). Depois cena idêntica na caixa: eu não conseguia colocar as prateleiras nos sacos e a menina da caixa e o cliente seguinte vieram logo ajudar-me, o que afinal faz com que três pessoas simpáticas me tenham ajudado em menos de nada. A minha alma está parva!! A menina da caixa levantou o rabiosque, abriu o saco e ajudou-me??? Fiquei estupefacto. Tudo isto porque, como contarei em futuras mensagens, esta cidade é uma caixinha de surpresas e os serviços então são daquelas surpresas que não têm graça nenhuma. Mandar instalar Internet ou televisão ou telefone é uma coisa próxima do pesadelo, pedir explicações sobre qualquer uma desta coisas se não está bem ou o técnico não veio ou não se sabe quando vem, é para esquecer. E não é só neste tipo de serviços que se enfrentam situações desagradáveis. Vocês acreditam que foi preciso vir a Bruxelas para ser impedido de entrar numa loja da Benetton? Pois, é que a loja ia fechar... um quarto de hora depois!
Mas porque, tirando estes pequenos grandes pormenores, Bruxelas é uma cidade encantadora, aqui fica esta vista panorâmica. Não concordam?



sexta-feira, 4 de abril de 2008

Finalmente ouço falar Português!

Hoje finalmente já ouço falar Português quando chego a casa!!! Depois de semanas de telefonemas infindáveis e inúteis com uma empresa de televisão por cabo particularmente incompetente e desorganizada, lá me vieram trazer o mágico descodificador que me permite ver a RTP! Não será propriamente a TVI, não posso portanto ver os Fascínios como gostava ou a nova telenovela que li que tem muita audiência, mas posso ver o telejornal!! E até já sei que o Mário Lino já se decidiu sobre a nova travessia sobre o Tejo, o que acho lindamente, porque realmente só ter duas é uma pobreza, eu cá se mandasse fazia uma meia dúzia. Depois no final do ano atirava-se o fogo de artifício lá de cima, como fazem no Porto, e isso então é que era um espectáculo! Aqui em Bruxelas as travessias são mais por baixo da terra, que é para evitar passar as passas do Algarve quando chega o Inverno e o frio congela tudo.
A propósito, o tempo tem estado óptimo e com esta cena da mudança da hora é de dia até praticamente às oito da noite, o que é uma maravilha! Claro que tudo, e quando digo tudo é mesmo tudo, mesmo o centro comercial, continua a fechar o mais tardar às sete, isto o centro porque as outras lojas fecham entre as cinco e meia e a as seis, por isso já imaginam como é que dá para as pessoas fazerem as suas compras quando saem do trabalho: não dá. Dá para ir ao supermercado e já é óptimo.
Entretanto fui pela primeira vez ao cinema aqui, que é uma carestia autêntica, mas descobri que há uns cartões fantásticos que custam o preço de dois bilhetes e dão para ir um mês inteiro sem pagar mais nada. Nada mau, hem?
Também há outras coisas muito jeitosas aqui que não há em Lisboa. A minha favorita são as lojas em segunda mão, que só conhecia de roupa. Pois aqui há de tudo para todos os gostos e todas as carteiras. Lojas com móveis em segunda mão, electrodomésticos em segunda mão e até - esta é que mesmo estupenda - electrodomésticos que levaram pancadas, empurrões e outras violências exteriores mas são novos. E, assim, vendem a menos 20 ou 40%, com garantia e tudo. Eu confesso que fui muito económico e optei mesmo por uma máquina de lavar e outra de secar em segunda mão, ou terceira ou quarta, vá-se lá saber, mas que funcionam lindamente. Uma por acaso só tem instruções em holandês mas uma colega caridosa fez-me a tradução. A outra nem sequer tem instruções, tem botões e pronto. O que, convenhamos, facilita imenso as coisas, não acham?
Hoje deixo aqui uma música lindíssima que encontrei no YouTube, para os mais românticos. Chama-se Candlelight.