quarta-feira, 16 de abril de 2008

Dia de mudança

Meus amigos, fez anteontem dois meses que cheguei a Bruxelas e tenho de vos contar que, a pouco e pouco, me sinto cada vez mais adaptado. Um dos sintomas é que já recuperei (de vez, espero!) o salutar hábito de ir ao cinema regularmente. Esta semana vi um filme de terror chamado The Eye, protagonizado pela Jessica Alba (que não estava estonteante como de costume, se virem o filme vão perceber por quê, mas se eu contar estrago a surpresa) e baseado num filme chinês. É uma espécie de O Sexto Sentido misturado com The Ring, com mais sustos do que o primeiro e sem a violência do segundo. Entretanto, o preço do bilhete de cinema afinal varia consoante os locais, porque desta vez paguei 8,40 euros, apesar de o cinema pertencer à mesmíssima cadeia e até ser no mesmo dia e por acaso a sala até parecer muito semelhante à da semana passada. Continua caro mas estamos no bom caminho! Escusam de perguntar se, já agora, a casa de banho passou a ser de borla, porque de pagar à Madame Pipi (é assim que aqui lhes chamam) ninguém se livra.
Aproveitando a onda cultural, também vos recomendo um livro que terminei na semana passada: O Confessor, de um autor americano chamado Daniel Silva. Aqui não há terror, mas há muito suspense e descrições fantásticas de Roma, para quem já conhecer poder recordar e quem não conhecer ficar entusiasmado. Aliás, o livro é riquíssimo em descrições de cidades, porque cada capítulo (ou quase) decorre num lugar diferente. Bem aproveitado, dava um filme jeitoso, quem sabe um executivo de Hollywood visita o meu blogue e aproveita esta ideia? E me dá um papel no dito, por secundário que seja. Estão-me a ver a fazer de agente dos serviços secretos? Não? Hum... eu também não, adiante.
Hoje foi um dia especial, porque mudei de local de trabalho, para um edifício com uma vista fantástica sobre uma praça muito desafogada com um agradável jardim no centro. Felizmente a primeira coisa a que prestámos atenção foi mesmo a vista, senão começávamos logo a desesperar com o calor insuportável (tipo sauna com a diferença de que estamos todos vestidos, vá-se lá saber por quê), a janela que não abre e o ar condicionado que não funciona (juntaram-se logo os dois, não podia ser só um a sabotar a malta, tinham logo de fazer conjunto!) e a casa de banho dos homens que esteve todo o dia fora de serviço, coisas que realmente não interessam nada porque, como vos digo, a vista é linda. E ainda por cima, o transporte funcionou lindamente: já lá estavam as secretárias, já lá estavam os materiais de trabalho e os computadores chegaram em menos de nada. E quase me esquecia de uma coisa absolutamente estupenda que é irem-me trocar o teclado. Vocês não estão bem a ver: isto pode parecer uma tolice, mas a verdade é que eu ando há semanas a escrever num teclado com o Q no lugar do A e a vírgula no lugar do ponto, entre outros delírios. Outros que incluem as restantes letras do alfabeto e não só. Estão a ver aquela barra por cima das letras onde temos os números? E que dá jeito, porque às vezes temos mesmo de escrever números no computador, pode ser só de vez em quando mas acontece. Pois, aqui não temos números, temos aspas e parêntesis e outras coisas de menos importância, diz que são assim os teclados franceses, e se quisermos números temos de carregar no botão que não sei como se chama porque os números estão em cima. Com tudo isto, a malta que está habituada aos nossos teclados vê-se em papos de aranha para escrever uma frase, mas a bem dizer a malta que não está habituada devo ser eu e pouco mais. Mas mesmo assim trocam-me o dito cujo, uma pequena coisa que dá ainda mais ânimo para o trabalho.
Entretanto, porque dizia que me sinto mais adaptado, calculem que agora quando falo já há coisas que não me lembro como se dizem em Inglês mas que sei dizer imediatamente em Francês. Estão a ver como esta cena da expatriação me está a dar conta da cabeça? Mais uns meses e até começo a falar Holandês! Ah, mas o Francês que me vem à memória com mais facilidade ainda não é o suficiente para todas as ocasiões: hoje lá tive de comer o peixe com outro acompanhamento porque não soube dizer puré de batata e a coisa estava longe de mais e com muita gente no meio para eu poder apontar. E o puré ali a olhar para mim com tão bom aspecto...

1 comentário:

Anónimo disse...

Em dois meses tanto progresso, mais dois e Bruxelas é uma cidade quase tão importante como Lisboa, sim porque Lisboa é única. Continuação de dias felizes.
MG