terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O tico e o teco

  
A chefe vem ao meu gabinete.
Chefe: Olha, em que formato é que se envia uma imagem?
Eu: Em jpeg.
Chefe: Envias sempre aos nossos clientes em jpeg?
Eu: Depende do que eles pedirem. Se for para sites web sim. Se for para impressão, não.
Não aprendeste isto na faculdade? Eu também não. Aprendi no mesmo sítio que tu, quando comecei a trabalhar aqui. Lembras-te?
Chefe: Ah, não? Então não posso enviar sempre no mesmo formato?
Pelos vistos não se lembra. Aquele curso muito animado que ninguém percebeu por que é que ias fazer, a não ser para nos sarnar a paciência e atrasar as aulas todas, porque tu nunca entendias nada. Era preciso o formador explicar duas vezes e nós outras duas. E depois ainda lá tínhamos de ir ao teu computador fazer. Ora foi nesse mesmo que eu aprendi. E tu também… bom, talvez não.
Eu: Se for para impressão envia em formato png.
Chefe: Em quê? Pn quê?
Desparece para o gabinete dela, a falar sozinha. Deixa-a lá, deixem-na falar, que é o que se faz aos doidos. Mas eu hoje estou imbuído de espírito altruísta, vamos lá ajudar esta necessitada para ver se pagamos a prestação de janeiro do nosso lugarzinho no Céu. E lá vou.
Chefe: Eles aqui não disponibilizam esse formato. Olha, olha aqui no meu ecrã.
Eu: Então envia em tiff.
Chefe: Ah, está bem, então vou enviar. Mas isto está na intranet, como é que eu envio para o exterior uma coisa que está na intranet? Eles não têm acesso!
Oh francamente! O tico e o teco desta amiga solidarizaram-se com a greve geral. O cérebro dela, que já era uma micro empresa com dois operários a tempo parcial, agora ficou em auto gestão. Então vamos lá com muita paciência…
Eu: Fazes download dos ficheiros, guardas no teu disco e envias por e-mail em anexo.
Chefe: Aaaaah! E como é que eu faço download de todos ao mesmo tempo?
Eu: Não fazes. Fazes de um de cada vez.
Caos. Já nem auto gestão, neste momento a micro empresa entra em “lay-off” sem data prevista de retoma de atividade.
Chefe: Está bem, vou fazer.
Ao menos é bem mandada. Lerda, mas obediente.
Chefe: Ficas aqui comigo enquanto eu faço? Por favor não te vás embora.
Não, querida, até te dou a mão para não teres medo. Queres? O que te vale é seres sempre muito agradecida, fica sempre feliz por a ajudarmos, tão feliz e tão agradecida que parece que a ajudámos a tirar o pai da forca.
Chefe: Vou escrever o e-mail. Envio em anexo os ficheiros… os ficheiros… os ficheiros…
Eu: … solicitados.
Chefe: Ah, solicitados. Isso. Pois.
Amanhã já não há greve. Tico e teco, façam favor de se apresentar ao trabalho.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Toma lá, dá cá



 

Hoje fui a uma feira de arte muito peculiar. Nada como Bruxelas para conhecer coisas nunca vistas nem imaginadas…
A lógica do evento é a seguinte: em vez de comprar, cada visitante oferece qualquer coisa ao artista em troca da obra de arte. Munido de um bloco de post-its, o visitante vai colocando as suas ofertas à beira das peças desejadas, indicando o seu nome e número de telefone. Finda a exposição, o artista telefona ao cliente que propuser a troca mais interessante. Não vos parece original?
A mim pareceu-me altamente original e lá fui ver com os meus próprios olhos, de bloco na mão. Não oferecei nada, pois nada vi que me apetecesse trazer para casa. Mas valeu a pena ver as peças em exposição, umas muito extravagantes, outras interessantes, outras pavorosas, enfim, havia de tudo um pouco. Também havia ofertas para todos os gostos. Muitos visitantes ofereciam casas de férias no interior da Bélgica (há lá quem queira tal coisa?), estadias no Mediterrâneo (assim já falamos) e jantares típicos (que era o que eu tinha em mente oferecer). Outras havia que ofereciam aulas da sua língua materna, incluindo português. Uma criança de 8 anos oferecia dois carrinhos de brincar. E outra mais crescida e sabida oferecia… o próprio corpo. Assim lá estava escrito, preto no branco.
Esta semana prevê-se muito frio. O inverno chegou tarde, mas com a força toda. Hoje estão zero graus e até domingo que vem a máxima não ultrapassará três graus negativos. Três negativos. Isso mesmo. O que significa que a mínima será bastante inferior. Esperemos que ao menos o São Pedro não se lembre de mandar para cá chuva, porque então com neve é que era o fim do mundo. Já imaginaram? Frio, neve e amanhã greve geral. Se a Força do Destino não der notícias, já sabem, é porque está em greve.
Boa semana!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Eu que não estrago nada…







... aproveito tudo. Nada se desperdiça, tudo tem uso. Se não para uma coisa, para a outra. Já sabem que sou aquela pessoa que para não deitar fora duas fatias de fiambre vai comprar meia dúzia de ovos e faz uma omelete. Gastando nos ovos mais do que se deitasse fora o fiambre. E mais ainda nos restantes ingredientes, que omelete de fiambre só não tem graça.
Aliás, já me deixei de omeletes, que são cousa pouco amiga de quem gosta de poupar e comer bem ao mesmo tempo: usam-se imensos ovos e poucos vegetais e só dão para duas refeições. Converti-me, pois, à tortilha, que rende mais, dá menos trabalho e não é preciso voltar. Que isto do voltar é coisa para sujar o fogão todo, além de partir a pobre omelete ao meio.
Ora desta vez tinha ali um brócolo já meio amarelo e duas beringelas já quase moles. Lá comprei a caixa dos ovos, por acaso já não havia dos mais baratos, lá tiveram de vir outros. Deixa-se a beringela fritar, depois coloca-se o brócolo só uns quatro ou cinco minutos para não ficar mole, e logo depois os ovos. Tinha ali também um resto de queijo ralado que a L. cá deixou e que deu a tudo isto um sabor delicioso. E não esquecer de pôr manjericão, agora tenho ali do congelado que a minha Mãe me comprou e dá melhor sabor.
Aproveitei que estava imbuído deste espírito de poupança e reutilização para dar bom caminho a umas fatias de fiambre (já cá faltavam) que tinham sobrado de quando a R. cá veio jantar. Fiz tâmaras com fiambre, mas ambas as coisas sobraram. De maneira que pus a cabeça a trabalhar, que ela não se quer só para ter cabelo como pensa a nossa amiga radioativa. Ora tenho ali no congelador um resto de legumes com cogumelos que fiz uma vez para rechear uns rolos de fiambre e sobrou. Nem é tarde nem é cedo: descongelo os vegetais, recheio as fatias de fiambre e micro-ondas com elas. Acabei por gastar mais qualquer coisa num pacote de queijo, mas, como eu sou um rapaz económico, ainda serviu para outro prato.
Isto foi durante a semana. Hoje o jantar foi lombo de proco à Clara Penha, uma receita facílima e deliciosa saída do blogue da Elvira.
Beijinhos e bom fim de semana.