quarta-feira, 11 de junho de 2008

Portugal vence... mas não em todo o lado

Viva Portugal!! Eu que, como todos sabem, não gosto nem percebo patavina de futebol, vim a correr para casa e estive literalmente colado ao televisor até ao apito final!! Já me imaginaram? E sempre a torcer para que Portugal marcasse mais um golo e selasse o resultado. Parece impossível não é? Ao longo da minha vida, nunca apreciei futebol, nem nunca tive por hábito acompanhar jogos, fossem de que clube fossem. Aliás, em minha casa o televisor costumava mudar de canal quando o futebol entrava de rompante. Foi o Euro 2004 que me fez mudar de comportamento: depois de ter andado quase em cima de um carro aos gritos até Lisboa, com cachecol e bandeira e a cara toda pintada, e de chegar no dia seguinte ao trabalho sem voz, ainda por cima repetida a cena várias vezes (tantas quantas ganhámos jogos), uma pessoa não fica a mesma. Por isso agora acompanho com toda a atenção este Euro 2008, é quase como com a Eurovisão, com a diferença de que na bola Portugal ganha frequentemente e, quando não, tem ficado bem classificado. Pois hoje, graças a Deus, a equipa portuguesa voltou a ganhar, os jogadores estão de Parabéns, e tenho a certeza de que aí em Portugal o gáudio está mais do que instalado, como felizmente é hábito.
Eu aproveito esta onda vitoriosa para partilhar convosco que Portugal, ao contrário do que possam imaginar, não ganha em todo o lado. A RTP Internacional, esse mastodonte consumidor do dinheiro dos nossos impostos, é um desses sítios. Na RTPi Portugal nunca ganha, aliás Portugal não joga e só existe mesmo de vez em quando. Como se já não bastasse aquela cena inicial da Judite de Sousa dizer que ia para intervalo do telejornal e depois já não voltar para entrar em cena uma aberração chamada «O Preço Certo», a RTPi não transmite quaisquer jogos do Euro. Isto eu compreendo. Mesmo que durante o resto do ano, ou pelo menos desde que capto o sinal, não faça outra coisa senão transmitir futebol. Pois agora que realmente o futebol interessa a coisa calou-se sobre o assunto. Como digo, compreendo plenamente que não transmita os jogos, porque os direitos dos mesmos são comprados a nível nacional e, tanto quanto li nas notícias, os jogos são transmitidos pela SportTV e pela TVI. O que eu já não compreendo é que acabe o jogo, Portugal ganha e passa automaticamente à fase seguinte da competição (que é coisa para noticiar, de preferência em abundância e euforia) e a RTPi mantém-se impassível. Acaba de transmitir um sonso de um magazine e passa logo directamente a uma telenovela indescritível de absurda, chamada «Coração Malandro», que passou há anos na TVI, mas era tão boa que provavelmente ninguém se lembra. (E com tantas novelas boas que a TVI já fez, por que haveriam logo de emitir esta??) Então não poderiam interromper a emissão, como certamente fizeram no Canal 1, na SIC e na TVI para dar a notícia, mostrar os protagonistas e transmitir a festa que deve estar a acontecer em Portugal? Mesmo sem se demorar, custava assim tanto dar a notícia? Uns curtos e modestos minutos para dizer que Portugal ganhou? à falta de melhor um rodapé que fosse. Mas nada. Silêncio total. E é nisto que se anda a gastar o precioso dinheiro dos contribuintes que somos todos nós: num canal tão enriquecedor que leva a vida a transmitir coisas absolutamente enriquecedoras para a vida dos emigrantes lusos como o «Preço Certo» e afins. Falo-vos a sério: quem puder, acompanhe a programação da RTPi durante uns dias e depois compare com os canais nacionais. Antes dava bola com fartura. Agora quando não dá o «Preço Certo», dá um magazine que é de fugir e, quando um e outro metem férias, aparece o José Hermano Saraiva. Bem sei que o canal emite blocos de programação repetidos e que tem em conta diferentes zonas horárias. Mas, exceptuando o Marcelo e as notas do Vitorino, não há mais nenhum dia em que a seguir ao Telejornal dê um programa de informação como deve ser, tipo «Prós e Contras» ou as entrevistas da Judite de Sousa, a tal que tem tendência a ir para intervalo e não voltar. O que é curioso, porque levam todos os intervalos a anunciar esses programas. Em que horário depois os transmitem não faço ideia, mas certamente não será em horário nobre.
Enfim, o que vale é que aqui posso ver todos os jogos na televisão belga, na francesa, na alemã e mais numa carrada de canais. Por acaso, lá está outra vez a Bélgica a dar um bom exemplo: aqui é um canal público que transmite os jogos. E o canal alemão é óptimo para quem não percebe de futebol, porque falam um pouco sobre as equipas e sobre cada um dos jogadores, mas sem aquele discurso tipo relato da rádio em que não param para respirar, que é completamente dispensável quando se está a ver a coisa. Hoje, os locutores alemães disseram que Portugal jogou bem, mas esteve muito fraco na defesa e acharam que o Cristiano Ronaldo não estava propriamente nos seus dias. Mas isso que interessa agora? Portugal ganhou... e o resto são cantigas!

sábado, 7 de junho de 2008

Bruxelles... by night

Pois que venho de ler os comentários e agora sou eu que fico sem perceber: não era da Margarida o comentário à minha mensagem Back for good? Porque as iniciais pareciam-me dela. Mas o comentário de ontem parece da minha Mãe... já não entendo nada, ó meus amigos, vamos lá a assinar os comentários que senão esta minha pobre cabeça, que já de si não dá para muito, entra em estado de baralhação total!
Hoje completo o que ontem ficou por contar, porque, além do adiantado da hora (e por que será a noite inspiradora?) já não aguentava mais falar em comida e a minha rambóia, como diz a Maggy que afinal não foi a autora do comentário, começa com a parte alimentar. Aliás, para dizer a verdade, começa com eu estar atrasado, coisa que como vocês sabem não é nada habitual e até nem sei como foi acontecer. Pois estava eu concentrado no trabalho de Análise Quantitativa para o mestrado quando de repente vejo o relógio e reparo que estou atrasado para ir jantar com a minha colega de gabinete. E, como normalmente acontece quando eu descubro que estou atrasado, também não estava pronto. Lá me vesti a correr e ainda tive tempo (quer dizer, não tinha mas fiz como se tivesse) para fazer o meu penteado favorito, que isto uma pessoa não sai à noite todos os dias e já que se vai apresentar à noite da cidade, que o faça com algum nível, não é verdade? Se estão a pensar «mas o penteado favorito será aquele da crista no ar que ele já não tem idade para usar porque já não é nenhum adolescente do liceu?», a resposta é sim. E terão razão que não posso usar por muito mais tempo, não por conta da idade (até aos 30 acho que ainda posso fazer alguns disparates, portanto há que aproveitar) mas porque desta vez não cortei o cabelo tão curto e a coisa causa um impacto maior do que o esperado. Ao final da noite, a minha colega até me perguntava: «Ó Pedro, mas como é que o teu cabelo está exactamente como estava quando chegaste?» Isso agora... segredos de gajo... muitos anos a aprender... não posso revelar... «Olha, pus um bocado de gel!» É simples, não é? As maravilhas que um frasco de gel faz por um homem!
E assim fui a correr (muito ando eu a pé nesta terra) para a praça onde nos íamos encontrar e que eu achava que sabia onde era. Ela até tinha achado muito surpreendente eu saber onde era, porque eu nunca sei onde é nada aqui. E afinal até tinha toda a razão, porque eu achava que sabia mas achava mal. Acabei numa praça cheia de bares à procura da minha colega, que em princípio não seria difícil de encontrar porque só ali havia homens, mas que não estava ali, porque, ela sim, estava no sítio certo. O sítio certo chama-se Saint-Géry e é uma zona fantástica, repleta de bares e restaurantes e esplanadas, com resmas de gente na rua, muito bom ambiente. Fomos jantar a um restaurante acolhedor chamado Greenwich, que não tem nada a ver com Inglaterra porque serve especialidades belgas. Agora já percebem por que é que isto ia dar ao tema da comida, que era uma delícia. Aliás, a bem da verdade, devo dizer que os restaurantes são a salvação desta terra: são óptimos, têm um belíssimo ambiente, o serviço (que é mau em quase todos os outros serviços) é impecável, o pão não se paga e a comida é saborosa, bem confeccionada e farta. As especialidades belgas são do melhor, sobretudo as omnipresentes moules e as endívias recheadas (estas por acaso comi na cantina, que também é do melhor). Comemos e bebemos e falamos e rimos e ao fim de contas pagámos menos do que teríamos pago em Lisboa por uma refeição num restaurante equivalente. Podem acreditar, que já não é a primeira nem a segunda vez que janto fora e chego a esta conclusão. Por isso vos dizia ontem que algumas coisas são mais baratas cá do que na nossa terra. Surpreendente, não é? Devidamente alimentado o estômago, fomos alimentar a alma a um barzinho estupendo na mesma zona. Digo alimentar a alma, não por conta da bebida, mas porque, como vocês já sabem, dançar é daquelas coisas que me deixam a alma lavada. Sobretudo quando a música é uma mistura de estilos e até há daquelas bolas de cristal do antigamente, que eu sempre achei que dão um glamour fantástico às discotecas mas que caíram em desuso. Em resumo, a night cá do burgo fica, para já, aprovadíssima - só espero que surjam muitas outras oportunidades para validar esta primeira impressão!
Entretanto, o Verão que já parecia instalado fugiu outra vez para parte incerta (estará algures em Lisboa?) e ontem e hoje choveu torrencialmente e arrefeceu na mesma proporção. A ponto de os meus aquecimentos, que eu achava já terem cumprido o seu papel nesta época e aos quais já tinha dado licença de hibernar até ao Outono, terem de voltar ao activo.
E com esta me despeço, que a hora, como sempre, já vai adiantada e tenho de acabar o livro que estou a ler e, sinceramente... está-me a dar uma fome que sei lá! Para vos deixar um cheirinho da zona de que falei, aqui fica uma imagem de Saint-Géry de dia... de noite é muito melhor, claro!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Torre de babel

Que bom vir ao blogue e ver que os meus amigos dão pela minha ausência. Maggy, ainda bem que o teu computador não se desabituou de o visitar! Quanto a não conseguir abrir os comentários, não sei qual o motivo porque eu li-os ontem mesmo antes de colocar a mensagem, mas isto da Internet é coisa para de vez em quando lhe dar uma pancada e não funcionar, já se sabe. Vê tu que eu comecei o blogue há meses e hoje dá-lhe ao inestimável domínio que me acolhe - o Blogger - para achar que eu não tinha uma opção qualquer de cookies activadas. Claro que bastou actualizar a página e a necessidade do bicho em ter as cookies activas passou-lhe logo. Nestas coisas o melhor é fazer como os informáticos nos mandam fazer a nós quando o computador não funciona: «Já experimentou desligar e voltar a ligar? Não? Então mas isso era a primeira coisa que devia ter tentado!»
Pois vamos lá pôr em dia o muito que está atrasado. Em primeiro lugar, descobri que não sou o único português no meu actual local de trabalho: conheci um colega de outra chafarica também português e não é que sabe tão bem nós falarmos a nossa própria língua? Isto pode-vos parecer a coisa mais estranha, mas acho que a nossa relação com a língua materna se altera quando uma pessoa passa o dia inteiro a falar em Inglês, a escrever em Inglês, a ouvir Francês e a tentar responder na mesma língua, a falar Alemão sentindo-se obrigado a falar correctamente mas depois esquecendo as coisas mais básicas e a falar em Espanhol aparentemente fluente, porque levam a vida a achar que eu sou espanhol. Vem-me à memória um bom exemplo desta torre de babel que é trabalhar aqui. No outro dia, falávamos de casamentos à hora de almoço e alguém perguntava à minha colega da frente se no trabalho também tínhamos conversas sobre o assunto. «Ah, claro, muitas vezes». Isto porque ela vai casar brevemente, tal como uma parte substancial do pessoal - a outra parte está grávida e os que restam em mudanças. Depois perguntaram-lhe: «E sempre em Inglês?» «Não, o nosso escritório é uma casa farta: em Inglês, em Espanhol, em Alemão e até de vez em quando em Português!». De facto, tenho uma colega espanhola que fala lindamente Português e instituiu que, como quer deixar de falar «Portunhol» de vez, numa semana falamos em Português e noutra em Espanhol (esta semana é portuguesa). E até tenho uma colega galega que parece estar sempre a falar em Português, tal é a semelhança. Mas, mesmo assim, é estranha esta sensação de a língua que falamos durante a maior parte do tempo não ser a nossa. E não é só no trabalho, porque obviamente em casa ouço as notícias em Francês, quando chego mais cedo em Francês belga e quando venho mais tarde em Francês de França, que não são exactamente a mesma coisa mas deveriam ser porque isto de ter aprendido Francês de uma maneira e agora estar a reaprender de outra dá cabo da cabeça a uma pessoa. Que culpa tenho eu que não sigam todos as mesmas regras? O resultado é que eu um dia destes estava eu a pedir uma chamada em Francês e a dizer «oitenta» em Francês da Bélgica, e o telefonista a corrigir-me e eu a repetir pensando que ele não tinha ouvido bem, e ele a corrigir-me outra vez e eu a insistir na mesma tecla, até que o senhor desistiu e fez a ligação. Eu explico: acontece que, na Bélgica, se diz «setenta» e «noventa» de outra forma, diz-se «septante» e «nonante» em vez de «soixante-dix» e «quatre-vingt dix», que realmente são uma enormidade e não dão jeito nenhum, além de não serem nada parecidos com o Português. Ora seguindo a mesma lógica, se se diz «septante» e «nonante», também se há-de dizer «octante», julgava eu na minha ignorância linguística. Mas não diz. Diz-se «quatre-vingt» tal como em França e o senhor telefonista não tinha qualquer problema de audição, eu é que tinha um problema de ignorância. Mas vamos progredindo... Ao ponto de um destes dias, quando estava a almoçar (já é a segunda vez que falo em refeições nesta mensagem, credo, até parece que não faço outra coisa, e ainda por cima o que vos queria contar do Sábado passado também mete comida... terá de ficar para outra mensagem) começar uma frase em Inglês, depois passar para Francês porque não sabia o nome de alguns alimentos e, em desespero de causa, acabar em Alemão porque me falharam as outras duas. Isto tudo a propósito de ter conhecido um colega português, realmente as conversas são como as cerejas... e o meu blogue deve ser daqueles bolos muito bem recheadinhos, todo ele cerejas, que por acaso aqui custam os olhos da cara, como aliás quase toda a fruta da época. E não é só por causa da subida do preço dos alimentos. Se calhar é porque cá é como nalgumas faculdades - só há a época única, que é a da laranja, da maçã e da banana. E mesmo assim a banana cuidado, porque também não é nenhuma barateza. Mas do que é realmente em conta nesta terra vos contarei na próxima mensagem.
Entretanto, respondendo à Margarida, o protesto dos pescadores por estas bandas fez suspender toda a circulação no quartier européen. Primeiro fecharam as estações de metro e de comboio, depois os manifestantes começaram a atirar pedras e foguetes e a fazer grafitis e nessa altura acharam melhor fechar todos os edifícios da rua por junto. Isto tudo logo no dia em que eu estava noutro lado em formação e por isso não vi os protestos em directo. Aliás, nem em diferido vi grande coisa, porque na televisão não se pode confiar: vem uma pessoa a correr do ginásio, uma pessoa que já transpirou o que tinha de transpirar, tudo para ver o noticiário nacional e depois dão dois ou três minutos de reportagem e já está. Isto é o tratamento que o canal principal dá a um acontecimento particularmente violento que ocorre numa zona importante da capital, e que, como dizia o meu professor de jornalismo quando eu andava a estudar, tem valor-notícia que sei lá. Olhem, estivesse cá a TVI e eu tinha visto e voltado a ver e sabido de todos os pormenores e ouvido os comentários!
Até amanhã!!!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Back for good

Esta mensagem é mesma ultra-breve, porque eu estava aqui posto em sossego a preparar-me para vos contar do que tem acontecido ultimamente, mas o meu vizinho de baixo veio visitar-me e tínhamos muitos assuntos na ordem do dia, de modo que só a esta adiantada hora pude regressar à escrita.
E como amanhã é dia de trabalho, não me posso demorar mas posso garantir que não é por falta de vontade que tenho estado ausente do blogue. O mestrado dá cabo de qualquer um!!! Há dias que me ando a deitar à uma e duas da manhã, mais os fins de semana que tenho passado fechado em casa. A Carol, que costuma deixar comentários, de certeza que me entende! Felizmente agora estou um pouco mais liberto para vos contar das últimas. Mas vou guardar para amanhã, pois a hora já vai adiantada é, além disso, tenho de espreitar in loco os estragos causados pela manifestação dos pescadores que hoje fez tremer Bruxelas para vos contar devidamente. Calhou logo num dia em que eu estive em formação noutro lado e não assisti a nada em directo, já viram a pontaria?
Obrigado pelos vossos comentários, fico muito contente sempre que os leio. Paulo, espero que esteja tudo bem, quando puderes tens de me dar novidades do tio Marocas. Ó Margarida, eu mesmo que não tivesse lido o teu nome, via logo que aquele comentário só podia ser teu, a trazer à lembrança tantas boas memórias... a Sabrina, o espaço bom e - como é que te foste esquecer? - as tuas fantásticas pantufas! Isso é que é uma história que vale a pena contar! Se achares boa ideia, fica agendada para uma futura mensagem.
Até breve!