quinta-feira, 17 de julho de 2008

Temporal

O tempo voa, diz o provérbio e com toda a razão. Parece que foi ontem, mas já aqui estou há cinco meses! Cinco meses e três dias, para ser mais preciso. E neste preciso momento, sinto-me literalmente preso no meio do Outono: já sei que em Portugal está um calor imenso, com um sol abrasador e 36 graus, disse-me hoje a Carol, mas aqui passou-se automaticamente da Primavera para o Outono. O Verão esqueceu-se de passar por esta terra ou está atrasado vários meses. Está frio, chove, o céu está nublado e isto há uma semana e meia. O pessoal dos países mediterrânicos já conta os dias que faltam para as férias, esperemos que com tempo apropriado para a estação. Se calhar, isto é tudo culpa da mudança do clima e, como este é um país avançado, a mudança climática já deve estar numa fase mais adiantada, tanto que pelo caminho já se perdeu o Verão.
No entanto, alheia a qualquer temporal de cariz climatérico, a Bélgica está outra vez virada do avesso a contas com um temporal político. Já vos contei noutro post que estrutura política deste reino é altamente confusa, porque há duas comunidades que não se entendem. Pois esta semana o primeiro-ministro decidiu demitir-se e agora é que ninguém se entende mesmo, anda tudo a caminho do palácio do Rei, segundo noticiaram no telejornal. Que deve concerteza ser óptima pessoa, pois ele recebe o governo, os partidos, as associações patronais, os sindicatos... por este andar se calhar amanhã telefono para lá a ver se também me quer receber a mim. Sim, porque analisar toda esta imensa e complexa problemática do ponto de vista de um estrangeiro podia ser do maior interesse. Já pensaram bem? Quem sabe se não me ocorreria ali mesmo, na presença de Sua Majestade, uma solução nunca antes imaginada que salvasse a Bélgica deste turbilhão? E se não me ocorresse nada, tant pis, como se diz aqui, também não fazia grande mal, porque assim como assim o caldo já está entornado.
É interessante ouvir as notícias, porque quando os jornalistas falam parece que estão a referir-se a outra qualquer realidade: então cabe na cabeça de alguém com sentido prático e tento no dinheiro que haja vários ministros-presidentes, um para cada região? Pois, porque há três comunidades, a francófona, a flamenga e a germânica, e cada uma tem seu ministro-presidente, o seu governo e o seu parlamento. E depois, para conciliar isto tudo ou talvez não, há um parlamento federal e um governo federal. Quando ouço o noticiário, parece que estou assim num país grande, tipo Espanha ou Alemanha, com aquelas regiões todas e muitos milhões de habitantes, mas depois desço à terra e continuo num território menor do que Portugal e com poucos mais habitantes. Estranho, não é? À conta disto, ouvir as notícias é mais ou menos como ver um jogo do empurra: numa região dizem que o problema se deve solucionar a nível federal, quem trabalha ea este nível responde que o problema é regional e assim ficam as coisas por resolver. Bem vistas as coisas, não é muito diferente da política à portuguesa, pois não? Esta de empurrar responsabilidades de uns para os outros nós, que não temos estas divisões complicadas, também conhecemos bem: é culpa deles porque eles é que estiveram no governo antes, não, é mas é culpa do governo, que está a governar agora, não, não, o governo não tem culpa então com a situação que herdou o que é que podia fazer? Afinal parece que já ouvi esta cantiga algures.
Por curiosidade, todo este turbilhão político ocorre nas vésperas do 21 de Julho, que é o Dia Nacional da Bélgica. Veremos como o vão comemorar. Estarei atento para vos reportar!

1 comentário:

Anónimo disse...

Isso ai está complicado, mas pelos vistos com governo ou sem vai andando. Aqui actualmente a luta é outra, pretos e ciganos, juizes e bastonário, mas o governo continua rindo e cantando.
Beijinhos