domingo, 23 de novembro de 2008

O taxista, os cartões e… o pão!

Ao ler este título, perguntam vocês e com razão se me inspirei no filme A Vida, o Amor e as Vacas, onde nada do que consta no título tem a ver com nada, mas ninguém quis saber e assim intitularam o filme. Neste caso, verão que tudo o que figura no título desta mensagem está interligado por um fio condutor: a Bélgica que eu vou dando a conhecer.
Os taxistas, que provavelmente não lêem o meu blogue, têm geralmente reputação de pessoas pouco simpáticas, mas ocasiões há em que este lugar-comum ultrapassa qualquer limite. Estava eu a sair do aeroporto de Bruxelas, exaurido pelo nocturno voo que me transportou de Lisboa, quando tento entrar num táxi. E digo «tento», porque na realidade o taxista me recusou ou, como diríamos no meu trabalho, me reencaminhou para o táxi mais adequado. Parece que o meu bairro era demasiado longe para o senhor. Ao longo da viagem, vou dando algumas indicações ao condutor, pois habitualmente perguntam-me que caminho devem seguir e onde exactamente é a rua. Subitamente, ao aproximarmo-nos da minha zona, o senhor exclama rudemente: «Eu faço isto há 32 anos, não preciso que me dê indicações!» Apesar da estupefacção que se apodera de mim, eu lá peço desculpa e explico que muitos colegas me perguntam indicações. «Mas eu não perguntei, pois não? E o senhor vem a dar-me indicações desde o aeroporto e eu não preciso delas para nada!». Livra, que é malcriado! Está uma pessoa a pagar para nos transportarem, dá-se ao trabalho de ajudar e é esta a paga. Nem dois minutos depois, estava-me a perguntar onde era a minha rua… Que bela impressão para quem acaba de chegar a um país, sinceramente… O que vale é que as malas chegam ao tapete do aeroporto primeiro do que os passageiros, ao contrário de Lisboa, onde aterrei naquele terminal novo dos voos domésticos – onde é que esta gente tem a cabeça?? - aguardei horas para as portas abrirem, mais horas para nos levarem ao aeroporto propriamente dito e ainda mais para chegarem as malas!
Quando cheguei a Lisboa, esperava por mim um novíssimo cartão bancário, o tal que o multibanco conspirador me comeu. Foi com enorme surpresa que descobri que agora estes cartões têm um chip para maior segurança! É que aqui na Bélgica, onde os multibancos não abundam, os bancos devem imenso à eficiência (e agora também ao Estado) e os serviços são tudo menos exemplares, mesmo os cartões mais simples já têm chip há muito tempo…
Mas a mais inesperada das coisas positivas que descobri ao regressar a Bruxelas não tem nada a ver com bancos nem taxistas. Tem a ver com algo do domínio prático muito mais essencial à vida: o pão. Não se enganaram, meus amigos, leram mesmo «o pão». E a que propósito se fala aqui de pão? Pois tinha eu acabado de entrar no meu apartamento e tirado o casaco quando me ocorre que não tenho pão para o pequeno-almoço do dia seguinte. Paciência, come-se na rua, que é que se há-de fazer às tantas da noite? Eis senão quando me lembro de ter deixado algumas fatias no armário. Lá vou indagar do estado das ditas cujas, na convicção absoluta de que estarão bolorentas ou, no mínimo, rijas que nem pedra. Abro o saco de papel e – surpresa das surpresas – o pão, que tinha sido comprado há semana e meia, estava óptimo e pronto a ser comido. Quem diria?
Hoje nevou todo o dia aqui em Bruxelas, deixando os carros e os passeios cobertos de branco. Espreitem o vídeo que filmei, está do lado esquerdo. Agora não há margem para dúvidas!
Boa semana!

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