domingo, 2 de novembro de 2008

Três dias em Pequim

Visitar Pequim sem ver a Cidade Proibida não é visitar Pequim. Por isso mesmo, foi por aí que continuou o nosso programa de viagem, não sem antes passar pela Praça de Tiananmen, que tem no extremo norte o mausoléu do Mao e a sul o Portão da Paz Celestial, que a separa da Cidade Proibida. Foi nesta praça que o Mao proclamou a fundação da República Popular da China em 1949 e foi também lá que, quarenta anos depois, o regime massacrou centenas de opositores. Memórias nada edificantes numa praça atafulhada de turistas, que se acotovelavam para chegar à Cidade Proibida. Que – espero não vos desapontar – é muito bonita mas não propriamente espectacular como eu imaginava. A verdade é que a maioria dos pavilhões, dispostos em forma de labirinto, estão vazios, pois a maior parte do que lá estava foi levado para um museu em Taipei. O que só mostra que esta gente pensa com os pés, porque se pensasse com a cabeça punha lá umas mobílias quaisquer, como o Salazar pôs no Castelo de Guimarães a fingir que as ditas cujas lá estiveram a vida toda. Claro que toda a gente repara que nada daquilo lá esteve desde sempre mas, pelo menos, a coisa fica mais composta. Falta lá o espírito pragmático dos portugueses! Aqui ficam algumas imagens.






Depois de visitar o Palácio de Verão, fomos finalmente apresentados a um dos mais famosos embaixadores de Pequim no planeta… o pato! Ao contrário do que possam pensar, não é lá muito diferente do que comemos em Lisboa ou noutro lado qualquer mas é, sem dúvida, apetitoso. No entanto, se o prato principal variou de refeição para refeição, já a sobremesa foi sempre melancia, que vinha invariavelmente racionada: um quarto de fatia para cada um. Por alguma razão os chineses são tão magrinhos…
Outro ponto de paragem obrigatório em Pequim é a Grande Muralha, que começou a ser construída no século VI a. C. e liga a China do Mar Amarelo à Mongólia, atravessando 6 400 quilómetros. É por isso que, como diz a minha tia, é mais impressionante vista na televisão, porque, empoleirados no alto da coisa em Badaling, apenas vemos uma parte ínfima do que a muralha realmente é. Apesar da deslumbrante paisagem em redor que poderão ver nas imagens, a beleza da construção está efectivamente na sua grandiosidade, que só podemos contemplar quando a vemos de cima. Deve ter sido por isso que a minha tia resolveu parar ao fim dos primeiros lances de escadas, porque, assim como assim, por mais alto que subisse nunca veria a muralha por inteiro. Consta que, durante a dinastia Ming, a muralha chegou a ser guardada por um milhão de homens. O que, bem vistas as coisas, não é nada de especial: afinal os chineses são tantos milhões que bem se podem dar ao luxo de ter um milhão a guardar uma muralha. E quem diz um diz dois ou três!





Não nos podíamos despedir de Pequim sem visitar um dos mais importantes pontos turísticos da cidade: o Yashow. E agora perguntam vocês: mas que é isso do Yashow, que nunca ouvi tal nome? Ora aí está um segredo bem guardado que vou partilhar convosco. O Yashow é um mercado de três andares, uma espécie de mistura entre feira de Carcavelos e centro comercial da Mouraria (quem não conhece não perde nada), mas muito mais composto e organizado. Ali vende-se de tudo, desde roupa a acessórios, e por preços que não vos passam pela cabeça. Obviamente, tudo – tudo mesmo – é de marcas de luxo, porque material pindérico não tem direito a entrar. De modo que… já estão a ver o resultado, não estão? Na manhã antes de dizer adeus a Pequim, este vosso amigo foi buscar um belíssimo fato de caxemira preto, feito à medida e ao gosto de moi-même, por um preço a que não compramos nenhum fato aqui, nem que seja na boa da Zara. Pelo caminho arremataram-se mais umas coisitas para que a mala não voltasse para Lisboa apenas meia cheia, porque, como se recordarão da mensagem com esse mesmo título, uma mala meia cheia é uma dor de cabeça, já que tudo o que lá está dentro anda aos tombos de um lado para o outro. Ao passo que numa mala cheia não há espaço para nada andar aos tombos, logo o conteúdo chega ao destino sem rugas nem amolgadelas. Digam lá se eu não tenho boas ideias!!
Hoje termino por aqui, pois daqui a pouco vou ver o novo filme do Woody Allen. E, como certamente compreendem, não posso deixar a Scarlett Johansson à minha espera, pois não? Se não colocar mensagens nos próximos dias, já sabem o motivo: ela perdeu-se de amores por mim e levou-me para Hollywood!
Boa semana!

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou maravilhada com o relato da viagem à China. Assim posso ficar com um documento para mais tarde recordar a viagem, como aqueles que me fazias quando eras quase crianças. Obrigada.
Não te esqueças de mencionar que apesar dos Chineses não conseguirem comunicar, esforçam-se para que os turistas nos restaurantes comam tudo o que têm direito na refeição que pagam, nem que para isso tenham de recorrer-se da guia de outros turistas. Lembras-te? Beijinhos